A Ordem dos Enfermeiros diz que é necessário abrir uma bolsa de recrutamento para fazer face à escassez de recursos humanos no sistema de saúde português.
Numa primeira reação ao plano de contingência publicado ao fim do dia de segunda-feira pelo Governo, Luís Barreira, vice-presidente da Ordem dos Enfermeiros, diz que as autoridades têm estado a reagir de forma correta á epidemia, mas sublinha que há urgência na contratação de mais recursos humanos.
“Temos de estimar o número de profissionais em cada uma das instituições, e depois avançar rapidamente para o recrutamento de profissionais de saúde. Sabemos que temos um défice de profissionais de saúde no Serviço Nacional de Saúde e, portanto, temos de rapidamente abrir uma bolsa de recrutamento e aí, obviamente, tem de ser uma medida do próprio Ministério da Saúde”, diz.
Luís Barreira descarta, para já, a necessidade de mandar chamar pessoal aposentado, dizendo que existe ainda um número considerável de enfermeiros no desemprego.
Quanto à estimativa de recursos existentes e necessários, deve ser feita em primeiro lugar pelas próprias instituições.
“Agora são as próprias instituições que devem ter este trabalho de pensarem no que têm sido os casos admitidos nas próprias instituições, e calcular também aquilo que é a necessidade, em termos de cuidados médicos dos próprios assistentes operacionais e de enfermeiros, e estimar esse número de profissionais, tendo em conta a realidade e abrir um recrutamento. Precisamos claramente de reforçar os serviços.”
À Ordem dos Enfermeiros têm chegado algumas preocupações dos profissionais de saúde. Luís Barreira refere, como exemplo, a falta de material de proteção pessoal.
“As questões profissionais que nos têm chegado por parte dos enfermeiros é exatamente relativamente a esta questão do recrutamento. Como sabem, a situação destes doentes implica uma necessidade maior do número de horas de cuidados e implica também um aumento considerável do número de enfermeiros.”
“Uma outra questão que nos chega é da escassez de equipamentos de proteção individual e também algumas situações residuais de falta de planos de contingência em algumas instituições, nomeadamente nos cuidados de saúde primários”, acrescenta.
“Estamos atentos a estas situações. Estamos obviamente disponíveis a colaborar com o próprio ministério da Saúde, ainda hoje temos uma reunião com o senhor secretário de Estado da Saúde, agora à tarde, e teremos também uma reunião com a própria entidade gestora privada da Linha de Saúde 24.”
Até agora, segundo Luís Barreira, a Ordem não tem nada a apontar às autoridades. “Penso que estão a cumprir com aquilo que é a missão. Obviamente isto é uma questão evolutiva. Penso que o mais importante é que a sociedade portuguesa se mobilize na ajuda nestas questões de saúde pública. A ordem está naturalmente disponível para colaborar e é isso que tem feito.”
O número de infetados com o Covid-19, em Portugal, ascendeu esta terça-feira aos 41, num dia em que várias instituições e autoridades anunciaram o cancelamento ou adiamento de eventos, bem como a suspensão de atividades.
A Câmara Municipal do Porto anunciou o encerramento de todos os teatros e museus e várias universidades suspenderam as aulas. A Liga de Futebol anunciou ainda que os jogos deste fim-de-semana se vão realizar à porta fechada.