Papa e os presos políticos em Cuba. Amnistia é um trabalho para a Igreja no terreno
22-09-2015 - 21:01
 • Aura Miguel, enviada a Cuba e aos EUA

Francisco não fugiu aos temas mais polémicos numa conversa com jornalistas durante o voo entre Cuba e os Estados Unidos.

A bordo do avião papal, numa breve conferência de imprensa, o Papa falou do embargo dos Estados Unidos a Cuba e abordou a questão dos dissidentes cubanos. A amnistia dos presos políticos é um trabalho para a Igreja Católica no terreno, disse Francisco.

O Papa afirmou que a questão do embargo faz parte das negociações entre Cuba e os Estados Unidos.

É um problema de conhecimento público, faz parte evolução das relações entre os dois países e, por isso, não se referiu ao embargo durante a visita a Cuba, apesar de ser conhecida a posição da Igreja. Francisco não revelou se vai abordar o tema quando discursar no Congresso norte-americano.

A questão dos dissidentes cubanos foi outro tema em destaque nesta conversa com os jornalistas entre Cuba e os Estados Unidos.

O Papa disse não ter conhecimento de detenções durante a sua passagem por Cuba. Explicou que, apesar de não ter reunido com dissidentes políticos, mostrou disponibilidade para os saudar e acolher na catedral de Havana, mas nenhum deles se identificou.

Sobre os pedidos de amnistia para os presos, Francisco disse que isso, sim, é um trabalho para a Igreja Católica no terreno.


O encontro com o líder histórico da revolução cubana, Fidel Castro, foi outro dos temas abordados na conferência de imprensa a bordo do avião papal.

Francisco revelou que falaram de histórias do passado, de jesuítas conhecidos e da última encíclica papal dedicada ao ambiente. Foi um encontro, sobretudo, informal e muito espontâneo, contou o Papa.

Questionado sobre a ideia de alguns sectores de que é um “Papa comunista”, Francisco sorriu e disse estar certo de não ter dito nada além da Doutrina Social da Igreja e que é ele quem segue a Igreja.

A doutrina de Francisco é a Doutrina Social da Igreja e isso reflecte-se na última encíclica, sublinhou.

Depois disse, em tom jocoso, que se for preciso recitar o credo, está disposto a fazê-lo.

O Papa chegou aos Estados Unidos pelas 21h00 (Hora de Lisboa) e foi recebido na base aérea de Andrews, no Maryland, pelo Presidente norte-americano, Barack Obama.