O incêndio que lavra este sábado nos concelhos de Monchique e Portimão está atualmente com duas frentes ativas e as autoridades querem aproveitar a madrugada como janela de oportunidade para o tentar dominar, afirmou o comandante das operações, Richard Marques.
Em conferência de imprensa no Autódromo Internacional do Algarve, em Portimão, o comandante operacional Distrital de Faro da Proteção Civil, Richard Marques, adiantou que a frente sul-este, a lavrar na zona do autódromo, é a que mobiliza mais meios por se estar a dirigir para zonas de aglomerados populacionais, como Vidigal Velho e Alcalar, mas que as faixas de gestão de combustíveis existentes têm "sido utilizadas e ajudado a diminuir a intensidade do fogo".
A frente norte-oeste, mais perto do local de ignição, não apresenta para já "pontos sensíveis" (casas), estando a ser "contrariada pela direção do vento", mas qualquer alteração poderá levar a uma "maior precaução", já que se ganhar força poderá dirigir-se para a zona de serra e que está a ser combatida maioritariamente por "meios aéreos e máquinas de rasto", alertou.
Não existindo ainda uma quantificação da área ardida, o comandante revelou que o incêndio atingiu "logo no início uma dimensão significativa", consequência do quadro meteorológico no local, e a sua dimensão obrigou a uma "dispersão dos meios no terreno" com um "reforço significativo" ao longo do dia.
O vento é o maior desafio dos operacionais, já que apresenta diferentes intensidades e direções, o que obrigou a "constantes ajustes na dinâmica do combate ao incêndio".
Até ao momento foram retiradas das suas habitações 30 pessoas na zona da Aldeia da Pereira, 12 delas alojadas numa estrutura residencial para pessoas idosas não licenciadas e que foram encaminhadas para uma zona de apoio criada no Portimão Arena.
Richard Marques informou estarem em trânsito cinco grupos de reforço dos distritos de "Lisboa, Setúbal, Beja, Évora e Santarém", num total de "150 operacionais".
O responsável pela Guarda Nacional Republicana (GNR), presente na conferência de imprensa, informou que está a ser feito o levantamento dos prejuízos nas habitações, contabilizando-se até ao momento apenas um barracão e algumas viaturas em fim de vida.
Quanto às ações de evacuação das casas e das localidades, Paulo Santos revelou que a GNR tem encontrado uma "maior adesão e disponibilização do cidadão para abandonar a sua residência e os seus pertences", facilitando a atuação da guarda, mas registou ter havido "uma outra situação em que foi necessário mais alguma persuasão".
Os presidentes das câmaras municipais de Monchique e Portimão, Rui André e Isilda Gomes, respetivamente, presentes na conferência de imprensa, apontaram a preocupação em salvar vidas humanas, mas destacaram a existência no terreno equipas veterinárias de ambos os municípios a recolher animais de companhia, tendo sido já acolhidos 80 cães e 4 gatos no Autódromo de Portimão.
O incêndio teve início na zona do Tojeiro, freguesia de Marmelete, concelho de Monchique, com o alerta a ser dado cerca das 13:30. Tem lavrado com mais intensidade para sul tendo passado para o concelho de Portimão, na freguesia da Mexilhoeira Grande.
Às 21h00 estavam no terreno 347 operacionais apoiados por 111 veículos e um meio aéreo, de acordo com a página da internet da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil.
Em 2018, deflagrou a 3 de agosto um incêndio na zona da Perna Negra, na serra de Monchique (também no distrito de Faro), tendo este sido o maior fogo registado nesse ano em Portugal e na Europa. Só foi dominado sete dias depois.
Foram consumidos mais de 27 mil hectares de floresta e de terrenos agrícolas. No total, o fogo destruiu 74 casas, 30 das quais de primeira habitação.