O que levam os jovens das palavras do Papa Francisco na Jornada Mundial da Juventude (JMJ) em Lisboa? Verbos, incentivos à ação., muito mais que conceitos ou passagens bíblicas. Conforme o líder da Igreja Católica resumiu, este domingo, na homília da missa de domingo. No regresso à vida quotidiana, o essencial é “resplandecer, ouvir e não ter medo.”
"Amigos, também nós precisamos de alguns lampejos de luz para enfrentar a escuridão da noite, os desafios da vida, os medos que nos inquietam, a escuridão que muitas vezes vemos ao nosso redor. O Evangelho revela-nos que esta luz tem um nome”, frisou o Papa.
Num tempo de conflito - político e social -, Sofia Habber, norte-americana do estado da Califórnia, diz que a mensagem do Papa, nestes dias por Lisboa, foi para “evangelizar”. “Na nossa sociedade, tudo é cancelado. Especialmente aqueles que têm coragem de se expressar como católicos. Somos vistos como não-tolerantes”, explica.
A jovem, que já participou, em 2008, na JMJ de Sidney, na Austrália, defende que, mais que “palavras”, o foco dos últimos dias está na “experiência”.
“Não me lembro de nada em específico [que tenha dito], mas gostei muito de como ele pediu aos jovens para manifestarem a sua fé, para agirem. Para estarem atentos às periferias, aos bairros pobres como aquele [a Serafina] que visitou aqui em Lisboa”, diz Sofia. “O Papa encoraja-nos muito. Mesmo já não sendo jovem, o seu espírito é.”
A opinião de Gloria Tevez, que está em Portugal a acompanhar um grupo de jovens também dos Estados Unidos da América, é quase a mesma. Mais que do que as palavras do Papa Francisco, o importante para os jovens é “a energia”, “a experiência de comunhão com outros crentes” que a JMJ lhes pode dar.
“Se for preciso, vender o carro, a casa, para trazê-los [os jovens] aqui. Esta uma oportunidade única para eles acordarem na fé, perceberem o futuro da relação deles com Deus”, afirma.
À Renascença, entre risos, admite que “o mais provável” que a maioria dos jovens não guarde memória das palavras do Papa. Alguns, porém, “vão continuar a fazer as leituras e refletir durante meses”. “Quando regressarmos, alguns miúdos vão apresentar as leituras do Papa na catequese. Talvez aí consigam absorver as palavras”, diz.
Imersos entre crentes
Sofia Pires exala energia, esteve em quase todos os momentos da JMJ em que o Papa falou. “Passei os últimos dias numa montanha-russa. Ora choro, ora estou muito feliz, plena”, conta a jovem portuguesa de 17 anos. “É fantástico sentir que não sou a única, que estou no meio de pessoas que sentem Deus como eu.”
Natural de Faro, Sofia conta que já amigos de várias nacionalidades nos últimos dias. “Ganhei companheiros de Espanha, de Itália. Já tenho onde ir de férias”, diz, a rir-se.
De tal maneira extasiada com comunidade, a jovem, habituada a ter “foco nos evangelhos”, nem sabe dizer que passagens bíblicas que foram lidas nos últimos dias. E isso não a preocupa – de todo. “Assim que voltar a casa, ponho as leituras em dia”, afirma. “Estou a viver a JMJ. É a experiência mais importante da minha vida.”
Lara Montez está na sua segunda JMJ. Depois de Madrid, veio até Lisboa para a “repetição da grande festa”.
A jovem de 28 anos fala, portanto, de um lugar de “conhecimento”, quando diz: “Não me lembro de nenhuma das leituras de Madrid. E mesmo o que foi dito aqui, admito que não tenho estado o mais atenta.”
Então, no final, o que ficará? “O sentimento, a plenitude. E basta.”