Tem sido uma das críticas lançada à banca, no âmbito dos apoios aprovados pelo Estado para quem está com dificuldades em pagar os empréstimos, devido à inflação e à subida dos juros. Os bancos são obrigados a facilitar a renegociação, dentro de determinados critérios mas, segundo a DECO, fazem o oposto.
À Renascença, o administrador da Caixa Geral de Depósitos Nuno Martins rejeita estas acusações, adiantando que a CGD tem "contactado muitos clientes".
"Temos mostrado abertura para fazer várias negociações", diz, salientando a "ação proativa de contacto com os clientes" para "reduzir a taxa de esforço para níveis que sejam mais comportáveis com os seus rendimentos".
Nuno Martins garante ainda que, apesar da subida dos juros e do aumento da inflação, que diminuiu o poder de compra, não têm aumentado os pedidos de revisão dos empréstimos.
"As pessoas têm recebido as propostas, têm falado connosco, mas não notamos um agravamento da sua situação", reitera. "As condições macroeconómicas são benignas", o que pode estar a ajudar. Para além disso, "a taxa de desemprego está a níveis comportáeis". "Não podemos esquecer que há um agravamento das prestações para os agregados cujos rendimentos são maiores. As coisas têm algum equilíbrio", explica.
Mas até quanto podem ainda subir os juros, mantendo as taxas de esforço comportáveis para as famílias? Nuno Martins não se compromete com um valor, mas destaca que todos os sinais apontam para uma aproximação do pico.
"Têm sido mais de uma tendência positiva do que duma tendência negativa. É claro que a subida continuada pode agravar, concerteza, o esforço, mas eu tendo a pensar que há sinais recentes que podem permitir uma maior convergência", refere.
Este administrador do banco estatal, o maior banco português, diz ainda que o contexto atual não quebrou o negócio. Mantém-se a procura por crédito para comprar casa: a diferença é que, agora, os clientes demoram mais tempo a tomar a decisão.
"Quando há uma subida muito repentina, é natural que os clientes, quando estão à procura de contrair um empréstimo, tenham um período de reflexão maior. A procura pelo ativo mantém-se. As pessoas amadurecem mais a ideia, porque a variação do que observam nos últimos seis meses é muito significativa", exemplifica.
Nuno Martins rejeita também que tenha sido dificultado o financiamento, mesmo com as alterações impostas pelo Banco de Portugal, que tem vindo a reduzir os prazos dos empréstimos e as taxas de esforço, por exemplo.
"Têm sido ajustamentos que são benignos sempre no ponto de vista da concessão. Não há uma alteração de comportamento frente àquilo que tem acontecido no tempo. Não é por aí", remata.
Nuno Martins, administrador da Caixa Geral de Depósitos, é um dos oradores convidados da conferência que se realiza esta manhã para responder à pergunta: “Como melhorar o acesso à habitação em Portugal'", uma iniciativa da Century 21, com o apoio da Renascença, com início às 10h, no auditório do Casino de Lisboa.