Qualquer titular de um cartão bancário das 13 marcas aceites na rede multibanco pode levantar dinheiro, a qualquer hora e a qualquer momento. Uma operação que está disponível em cinco idiomas distintos.
Quatrocentos euros é o máximo que o ATM vai dispensar, não de uma vez, mas duas vezes em 200 euros.
De acordo com a Sociedade Interbancária de Serviços, entre 1 de dezembro de 2019 e 2 de janeiro de 2020 foram realizados 40 milhões de levantamentos em caixas multibanco no valor de 3 mil milhões de euros.
Em média, nesse espaço de um mês, cada levantamento de dinheiro num terminal ATM foi de 75 euros.
Fazendo uma leitura mais estendida no tempo, os dados da SIBS - citados pela Pordata - revelam que, em 2018, a média nacional de levantamentos em terminais multibanco foi de 64,1 euros. Estamos a falar de um montante médio, porque o multibanco só dá notas, não dá moedas.
Interessante é perceber se estaremos perante um ensinamento dos anos difíceis, ou então se assistimos a uma mudança na forma como os portugueses pagam o que compram.
Em 2009, o valor médio dos levantamentos era de 68 euros, depois veio a troika e apertámos o cinto – 67,5€ em 2010, 65,40€ em 2011, 62,80€ em 2012 e 61,90€ em 2013, foi o ano em que se registou o montante médio mais baixo de levantamentos nas caixas multibanco. Um movimento natural.
2014 foi o primeiro ano da recuperação, que tem sido mais gradual do que a quebra. Entre 2009 e 2013, os portugueses levantaram em média menos 6 a 7 euros.
Entre 2014 e 2018, o aumento médio nos levantamentos foi de apenas 2 euros.
De acordo com o Banco de Portugal, só os cartões de pagamento representaram mais de 86% das transações a retalho.
E porquê? Porque, no final de 2018, existiam em Portugal aproximadamente 22 milhões de cartões de débito (mais 4% do que em 2017) e oito milhões e meio de cartões de crédito (mais 2% do que em 2017).
Além disso, no final de 2018, existiam 349 mil terminais de pagamento automático, e 14 mil caixas automáticos.
Portugal era o segundo país da UE com maior número de caixas automáticos por milhão de habitantes.
Se a tudo isso somarmos 727 milhões de euros, que é o maior valor mensal de sempre em crédito ao consumo, atingido em outubro do ano passado, então percebemos que, às tantas, a crise assustou-nos na altura mas, passada a tormenta, os nossos hábitos parecem ter regressado ao que eram.