O incêndio que arde em Monchique desde sexta-feira obrigou este sábado a deslocar cerca de 100 pessoas para “locais de segurança”, 29 no concelho de Monchique e as restantes em localidades do distrito de Beja afetadas pelo fogo, disse a Proteção Civil.
O Comandante Distrital de Operações de Socorro (CDOS) de Faro, Vaz Pinto, fez pouco depois das 20h00 um ponto de situação do incêndio e explicou que a retirada dessas pessoas foi apenas “feita por precaução” e cumprindo o objetivo estratégico de proteger primeiro vidas.
O incêndio continua a com “duas frentes ativas, uma delas totalmente dominada e em ações de consolidação de extinção e vigilância”, e a “outra muito ativa, que lavra numa zona inacessível a meios terrestres” e onde “os meios aéreos são pouco eficazes”, por se tratar de um “vale encaixado” em que as descargas de água não são totalmente eficazes, precisou.
Durante a tarde, as equipas de combate depararam-se com “instabilidades atmosféricas muito fortes, que originaram várias reativações em todo o perímetro do incêndio”, mas “a maioria foi rapidamente extinta”, disse ainda o comandante distrital.
Vaz Pinto frisou que na zona inacessível aos meios terrestres, “houve projeções a muita distância” e “o incêndio tomou ali comportamentos muito evolutivos” que dificultaram os trabalhos e obrigaram a retirar as pessoas.
As pessoas retiradas de casas no concelho de Monchique foram levadas a escola E.B 2.3. de Monchique, precisou o presidente da Câmara, frisando que há três casos de pessoas acamadas que foram para a Santa Casa da Misericórdia local.
Vaz Pinto garantiu que as equipas de socorro estão a “deslocar as pessoas muito antes de o incêndio chegar” perto das suas povoações e que a “prioridade é deslocar as pessoas preventivamente com muita antecedência”.
Durante a tarde, o vento muito forte tornou “impossível debelar a situação”, mas Vaz Pinto disse que o plano estratégico de combate está definido e adiantou que pode haver durante a noite “algumas janelas de oportunidade que estão a ser estudadas a analisadas em conjunto com o Instituto Português do Mar e da Atmosfera” para decidir a melhor forma de atuação e poder ajudar a debelar o incêndio.
A chuva que se faz sentir em algumas zonas do Algarve não animou o Comandante Operacional, que lamentou: “Chove aqui, mas no local do incêndio não está a chover”.
Vaz Pinto não disse não ter dados sobre a quantidade de área ardida, mas afirmou que é já “muito maior” do que os 1.000 hectares que tinham sido reportados no ponto de situação do final da manhã.
O secretário de Estado da Proteção Civil, Artur Esteves, participou no ponto de situação depois de, durante a tarde, ter estado no terreno e disse que se deslocou à zona do incêndio para “acompanhar os técnicos” e manifestar o “apoio institucional” do Governo.
“Quero sublinhar a excelente articulação de todas as entidades no terreno, superiormente dirigidas pelo comandante Vaz Pinto, quero também destacar o trabalho da Câmara Municipal e do senhor presidente da Câmara”, afirmou o governante.
Artur Neves destacou o trabalho das múltiplas entidades envolvidas na operação, considerou que a “coordenação é fundamental para que eventos complexos como este” e disse “confiar no trabalho dos técnicos que estão no terreno”.
O governante alertou que houve hoje, pelo país, “várias ignições por trabalhos no campo, que estão totalmente proibidos” por causa dos alertas lançados pelas autoridades devido ao calor extremo que se faz sentir.