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O ex-ministro Adalberto Campos Fernandes diz que um novo confinamento era necessário, mas tem dúvidas sobre se as medidas anunciadas pelo Governo na noite de quarta-feira não deveriam ter ido mais longe.
O antigo ministro da Saúde questiona, por exemplo, a decisão de manter abertas as escolas acima do terceiro ciclo.
Ouvido pela Renascença, diz mesmo que a situação da pandemia em Portugal é de descontrolo, mas reconhece que o confinamento também acarreta riscos.
“A metáfora que podemos utilizar aqui é a de um carro que está relativamente desgovernado e a ir depressa de mais. O travão às quatro rodas impõe-se e isso significa, em si mesmo, um risco também por uma travagem brusca.”
“A ideia que procuro transmitir é que de facto neste momento justificar-se-ia uma travagem às quatro rodas muito intensa porque o contexto epidemiológico não tem nada que ver com o contexto de abril, porque estamos de facto numa escalada que é uma escalada que tem de ser interrompida, pelo excesso de mortalidade, mas também porque é nítido que o sistema de saúde está em sofrimento, portanto temos de aliviar a pressão de entrada”, defende.
“A única dúvida que tenho é sobre se a atividade escolar para crianças com mais de 12 anos deveria ter sido equacionada”, conclui o antigo ministro.
No início da semana, em declarações à Renascença, o antigo governante defendia que um confinamento como o que vivemos em março, não chegaria. “Não temos margem para não acertarmos no sucesso deste confinamento.”
As novas medidas tomadas pelo Conselho de Ministros para controlar a pandemia de Covid-19, entre as quais o dever de recolhimento domiciliário, entram em vigor às 00h00 de sexta-feira.
Segundo o chefe do executivo, as exceções que já existiram em março e abril manter-se-ão, mas deixou em apelo: “por uma vez, não percamos muito tempo a olhar para as exceções e que concentremo-nos no que é mesmo essencial, o recolhimento domiciliário para que cada um se proteja e, protegendo-se, proteja também a saúde dos outros”.
“As regras que repomos são essencialmente as mesmas que vigoraram entre março e abril, com uma exceção que se prende com o calendário democrático das eleições presidenciais do próximo dia 24 de janeiro e com a necessidade de não voltarmos a sacrificar a atual geração de estudantes e por isso iremos manter em pleno funcionamento todos os estabelecimentos educativos”, adiantou.
Portugal tem assistido a um pico do número de novos casos de Covid-19, registando há vários dias seguidos mais de uma centena de mortes por dia. Só na quarta-feira morreram 155 pessoas e foram contabilizados mais de sete mil novos casos.