Regresso ao futebol "nestes moldes não é responsável, nem seguro"
21-04-2020 - 14:00
 • Rui Viegas

Presidente da Associação Portuguesa de Defesa do Adepto questiona critérios para eventual regresso do futebol sem público. Martha Gens anuncia reunião com a Liga ainda esta semana e diz que clubes devem equacionar reembolso dos lugares pagos.

Veja também:


A Associação Portuguesa de Defesa do Adepto (APDA) questiona os critérios de um eventual regresso aos relvados, em breve, em Portugal. Martha Gens, em declarações a Bola Branca, considera que ainda não é seguro voltar ao campo para competir, mesmo com as bancadas despidas.

"A presença dos adeptos será um dos pontos que terá de ser atendido. Quais são os motivos imperativos que levam a que esta situação tenha de regressar nestes moldes, acabando por colocar [em risco] a saúde dos que trabalham no futebol? Nesta fase não é seguro, não é responsável e não revela que estejam a ser tomadas as mesmas medidas em consonância com os outros setores da sociedade", declara.

Para Martha Gens, "o futebol sem adeptos não é propriamente futebol e não poderá ser uma solução a longo prazo".

Sobre a possibilidade de os estádios serem ocupados de forma parcial com público, uma possibilidade levantada nas últimas horas pela imprensa, Martha Gens admite as dificuldades que essa medida acarretaria.

"Será sempre um desafio estrutural brutal e para o qual não creio que possamos estar preparados. Isto é, como será feito o controlo aos estádios? Como é que estes serão desinfetados? Será obrigatório o uso de máscaras, quando a própria lei não permite que se oculte o rosto? A proximidade? Não sei, seriam desafios brutais", atira.

Reembolso dos adeptos?

Em face das incertezas por resolver, Martha Gens anuncia uma reunião com a Liga Portugal, ainda esta semana, de forma a que os adeptos possam "ser parte integrante nas decisões".

Uma das questões em cima da mesa poderá ser o eventual reembolso dos lugares já pagos, cuja matéria está - por exemplo - a ser discutida em Inglaterra. Segundo a líder da APDA, os emblemas devem encontrar soluções visando ressarcir os adeptos.

"Os clubes têm de ter esse cuidado. Se estivermos a falar de um lugar de época de 450 euros e de uma família de três pessoas, são pelo menos dois salários mínimos nacionais, o que é muito dinheiro. Deve partir dos clubes apresentar soluções em relação aos valores que já foram pagos. Mesmo que alguns adeptos não queiram receber, se esse dinheiro for investido no clube", defende Martha Gens, a terminar.