O CDS-PP pediu esta quinta-feira que seja enviada toda a documentação em poder do Parlamento, na comissão de Defesa ou outras, para a comissão de inquérito ao furto de material militar dos paióis de Tancos.
O pedido - mesmo para informação abrangida por sigilo - foi feito pelo deputado e coordenador do CDS, Telmo Correia, na primeira reunião da comissão de inquérito, criada para "apurar as responsabilidades políticas" em torno do furto, noticiado em junho de 2017.
A comissão parlamentar de Defesa Nacional tem em seu poder documentos enviados pela Procuradoria-Geral da República (PGR), que estão sob segredo de justiça e fechados num cofre na Assembleia da República, mas PCP, PS e BE pretendem que sejam devolvidos.
Não enviar os documentos para a comissão de inquérito, "daria um sinal muito preocupante", de que a comissão não os queria, afirmou Telmo Correia, anunciando que o partido iria entregar um requerimento.
Em 11 de outubro, a PGR enviou ao parlamento um conjunto de documentos com "informação processual" relativa ao furto de material militar dos paióis de Tancos, na sequência de um requerimento da iniciativa do CDS-PP visando que o titular da investigação criminal esclarecesse se, de facto, a lista do material militar furtado e a lista do que foi recuperado estava em segredo de justiça, como alegou em julho o ex-chefe do Estado-Maior do Exército, Rovisco Duarte, para não a entregar na Assembleia da República.
PCP não quer repetição do caso dos submarinos
Jorge Machado, do PCP, entendeu que na base do requerimento do CDS está uma suspeita de que há uma vontade de ocultar documentação.
O deputado comunista respondeu a Telmo Correia lembra o que se passou, há vários anos, na comissão de inquérito aos submarinos e que envolvia dirigentes centristas.
“Se há aqui alguém que pode dar lições de como terminar precipitadamente uma comissão parlamentar de inquérito, porque o assunto é incómodo, é o CDS-PP e o sr. deputado Telmo Correia, porque terminou uma comissão parlamentar de inquérito que tinha uma matéria sensível sobre a nublosa em torno da aquisição dos submarinos e o seu funcionamento, que envolvia o BES, a Escom e a Ferrostaal, e o pagamento de subornos e crimes que foram apurados na Alemanha que, depois, não se permitiram a audição de testemunhas-chave neste Parlamento. Espero que isso não se repita”, avisou Jorge Machado.
O deputado do CDS Telmo Correia recusou estas acusações.
A comissão a Tancos vai reunir-se de novo a 5 de dezembro. Até lá os deputados têm de entregar toda a listagem de pessoas a ouvir e todos os documentos que querem ver remetidos a este inquérito.