Pela primeira vez, o Santuário de Fátima terá blocos de betão nas ruas para evitar atentados com recurso a veículos, como os de Nice, Berlim e Estocolmo. A informação foi dada à Renascença pelo presidente da Junta de Freguesia de Fátima, Humberto Silva.
A expectativa da presença de mais de um milhão de pessoas em Fátima, devido ao centenário das aparições e à visita do Papa Francisco, e a importância do acontecimento justificam redobradas cuidados de segurança, incluindo, pela primeira vez, a instalação de barreiras físicas.
“Estamos numa operação diferente, é uma peregrinação diferente. Com os casos que têm acontecido por esse mundo fora, tem de haver mais cuidado e rigor. Já é o quarto Papa que recebo na minha terra. É a primeira vez que vamos usar ‘new jerseys’ [blocos em cimento] em vários pontos fulcrais da cidade”, anuncia o autarca.
Humberto Silva diz que não revelará onde estarão colocadas, mas avança que “vai haver barras em cimento para não acontecerem casos como os de Nice”. Os blocos ainda não começaram a ser colocados.
Em Abril, Estocolmo (Suécia) foi palco de um atentado terrorista com recurso a um camião. Foi o quarto grande ataque deste género que se registou na Europa nos últimos nove meses, depois de Nice, Berlim ou Londres (em que foi usado um jipe).
Em Novembro de 2016, a “Rumiyah”, a revista oficial do autoproclamado Estado Islâmico, incluiu um guia sobre como usar veículos como armas e apelou à sua utilização em países ocidentais.
Muitas dúvidas dos locais
Nestes dias, o telefone de Humberto Silva não tem parado com as dúvidas de quem vive ou trabalha em Fátima. Todos querem perceber como vão circular e garantir o abastecimento do comércio local nos dias da visita do Papa Francisco.
“Já fizemos duas sessões de esclarecimento no salão paroquial. Convidámos primeiro quem tem comércio e restauração. Tivemos casa cheia. Na segunda vez, passados dez dias, convidámos toda a população. Tivemos novamente casa cheia”, revela.
O presidente da Junta de Freguesia de Fátima diz que há um clima de ansiedade. “Prevê-se a vinda de um milhão de pessoas, o que, numa cidade que só tem 17 hectares, não é fácil. Os moradores e quem tem cá os seus comércios estão um pouco ansiosos, por causa dos funcionários e do estacionamento dos carros”, argumenta.
Em relação aos transportes dentro da cidade, “há uma linha de ‘transfers’ montada”. “São 83 autocarros que vão andar permanentemente a circular em várias artérias da freguesia e que vão ter a dois pontos fulcrais do centro da cidade. Não se paga nada. As pessoas podem deixar os carros estacionados a quatro ou a seis quilómetros. Vêm no autocarro de manhã, podem voltar à tarde. Há autocarros sempre a passar”, remata.