Os partidos da oposição não estão satisfeitos pelas novas medidas apresentadas pelo Governo para aliviar a pressão provocada pelas altas taxas de juro na carteira dos portugueses que têm crédito à habitação.
O PSD, pela voz do líder Luís Montenegro, considerou que as medidas "vêm tarde" e são limitadas, assegurando que se fosse primeiro-ministro seria "mais ambicioso".
O Governo aprovou que o pedido para a fixação da prestação do crédito da casa possa ser feita durante dois anos - junto dos bancos até ao final do primeiro trimestre de 2024 -, no fim dos quais se regressa ao regime geral do contrato e, passados quatro anos [dois mais dois], começa-se a proceder ao reembolso, em cada uma das prestações mensais, do valor não pago durante os primeiros dois anos.
"Esta medida é melhor do que nada, mais vale tarde do que nunca, mas parece-me muito limitativa", considerou Montenegro, alertando que "é muito pouco tempo" a duração prevista de dois anos.
Já o CDS acusou o Executivo de usar moratórias para fingir que lida com os problemas e considerou que as medidas anunciadas para apoiar as famílias com créditos à habitação têm como objetivo "iludir os portugueses".
"O Governo de António Costa especializou-se em vender ilusões aos portugueses. A moda atual socialista é o uso das moratórias para fingir que estão a lidar com os problemas, quando na realidade apenas os estão a adiar sem os conseguir resolver", aponta o partido em comunicado.
Por seu lado, o Chega classifica as medidas como "um paliativo" e e pediu soluções para ajudar as famílias com o aumento das rendas.
"É apenas um paliativo que deixa de fora centenas de milhares ou milhões de arrendatários, e não resolve o problema do crédito à habitação", afirmou o líder do Chega, André Ventura, considerando que estas propostas têm "pendor eleitoralista" e "não vão resolver nada".
À Esquerda, a coordenadora do Bloco Mariana Mortágua, referiu que "as pessoas perdem e a banca lucra" com as medidas apresentadas, alegando que as propostas "criam novas dívidas", "adiam problemas" e "comprometem dinheiro público".
"As pessoas perdem, a banca lucra: é este o resumo das propostas que agora foram apresentadas pelo ministro das Finanças que não resolvem estruturalmente qualquer problema, pelo contrário, criam novas dívidas, adiam problemas, comprometem dinheiro público salvaguardando os lucros da banca que parece ser, aliás, o grande objetivo do Governo com as medidas que agora apresenta", defendeu Mariana Mortágua, em declarações aos jornalistas na Assembleia da República.
Na opinião da dirigente bloquista, "as pessoas saem a perder nos juros bonificados porque na verdade são todos os contribuintes que estão a ser convocados a pagar e a subsidiar os lucros da banca".
O O PCP resume as medidas como "poupança zero" para as famílias e "lucros por inteiro" para a banca.
"Os pagamentos são adiados e os que são reduzidos têm de ser pagos mais tarde", aponta o deputado Bruno Dias.
Já para o PAN as medidas são "uma mão cheia de nada" e a "banca continua intocável".
"Continuamos naquela que é uma campanha propagandista por parte do Governo. As medidas anunciadas não só são insuficientes, como não dão resposta à inflação e ao crescimento galopante das taxas de juro", criticou a líder do PAN, Inês Sousa Real.