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O vice-presidente do Facebook para as relações públicas e comunicação, Nick Clegg, defendeu esta quinta-feira, na Web Summit, que não deve “existir legislação sobre qual é o discurso legal que deve ser feito”.
Os reguladores devem antes “dizer às empresas como o Facebook que têm o dever de mostrar que têm regras para garantir que os utilizadores estão seguros na plataforma, que têm de mostrar esses sistemas, que são transparentes e que podem ser escrutinados e que, se eles falharem, vai haver penalizações”, disse o antigo vice-primeiro-ministro do Reino.
Para o responsável pela maior rede social do mundo, estamos perante um dilema, porque “não há um consenso global do discurso de ódio e é muito complicado fazer essa seleção”.
Tal como anunciou na quarta-feira a presidente da Comissão Europeia, Bruxelas quer um reforço das regras na União Europeia para obrigar grandes plataformas digitais, como Facebook ou Twitter, a removerem informações falsas, passando a dizer-lhes o que devem fazer e a poder sancioná-las.
Questionado sobre esta medida, Clegg recusou comentar porque disse não conhecer a notícia, mas adiantou que “o Facebook, no segundo trimestre do ano, removeu 22,5 milhões de publicações de discurso de ódio” da plataforma, e bloqueou “milhões de contas falsas”. “Isso é uma ação agressiva, bloquear conteúdo”.
Nick Clegg foi vice-primeiro ministro do Reino Unido, líder do partido Liberal Democrata, mas desde 2018 deixou a política e atravessou o Atlântico para ser vice-presidente do Facebook para as relações públicas e comunicação.
Na cimeira tecnológica, que este ano é exclusivamente virtual, Clegg referiu ainda que, hoje em dia, o Facebook está “numa jornada de mudança e consegue detetar 95% do conteúdo ofensivo”, mas reconhece que os restantes 5 % são ainda um grande volume de conteúdos e nunca vai conseguir chegar aos 100%.
O Facebook criou um conjunto de regras para esclarecer o discurso que não permite aos seus utilizadores. “Numa plataforma com biliões de mensagens todos os dias, trabalhar a essa escala, mesmo tendo triplicado o número de pessoas que ajudam nisto, obriga a confiar muito nas máquinas e no sistema de Inteligência Artificial”, esclareceu Nick Clegg.
O vice-presidente do Facebook desde 2018 defende que é preciso atualizar as regras da internet, e que é legítimo o debate sobre a quantidade de informação que o Facebook pode deter.
Questionado sobre a política de privacidade e de regulação da União Europeia, Nick Clegg considera uma “posição pouco usual” e que considera que “o foco da regulação na união europeia desvia atenções da criação de um mercado único digital” que iria ser um sucesso comercial na Europa.