Os bispos da Igreja Católica em Espanha consideram que os dados da Provedoria de Justiça espanhola, que estimam que cerca de 440 mil adultos foram vítimas de abuso enquanto menores, são “extrapolados” e “não correspondem à verdade nem representam o grupo de sacerdotes e religiosos".
Os dados divulgados na última semana, no âmbito dos abusos sexuais da Igreja Católica, indicam que terão sido vítimas de abuso 1,13% das pessoas agora adultas, das quais 0,6% abusadas por um padre ou religioso.
"Os abusos cometidos na Igreja doem. Também surpreende a extrapolação feita a partir dos dados obtidos numa pesquisa anexa ao relatório”, foi dito em comunicado.
A Conferência Episcopal reiterou, no entanto, a sua dor pelos abusos sexuais cometidos na Igreja, tendo sido referido que “o estudo do Provedor de Justiça apresenta uma visão geral do problema que vai além da Igreja. O abuso sexual de menores é um problema social ao qual todas as instituições públicas e privadas têm o dever de responder”.
Os bispos espanhóis avaliaram num comunicado como “valiosas” as recomendações propostas pelo Provedor de Justiça e explicaram que irão traçar um itinerário para as aplicar.
A Igreja indicou que a maioria das recomendações do Provedor de Justiça, responsável pela divulgação dos dados, “são convergentes” com outras propostas trabalhadas na Conferência Episcopal Espanhola há já algum tempo. Foi, no entanto, confiado ao Serviço de Proteção de Menores o itinerário para a aplicação das medidas.
Já esta terça-feira, os bispos espanhóis vieram pedir perdão às vítimas de abusos sexuais por elementos ligados à Igreja. Em comunicado, a Conferência Episcopal espanhola compromete-se a indemnizar as vítimas.
O cardeal Juan Jose Omella, presidente da Conferência Episcopal espanhola, prometeu rigor no acompanhamento destes casos, garantindo que as vítimas estão no centro das preocupações.
Em Portugal, o relatório da Comissão Independente estimou que tenham sido mais de 4.800 os menores vítimas destes crimes.