Fernando Negrão vê indícios de crime no caso do secretário de Estado dos Assuntos Fiscais. O também presidente da Comissão Parlamentar Eventual para o Reforço da Transparência no Exercício de Funções Públicas entende que Rocha Andrade estava impedido legalmente de aceitar o convite da Galp para ir a França ao Campeonato Europeu de Futebol.
“Se queremos discutir isto no plano criminal, obviamente que há indícios da prática de um crime, da obtenção de vantagens de forma ilegítima, que é o caso, porque há aqui efectivamente uma viagem paga e não sabemos se é em troca de seja o que for ”, explicou à Renascença.
O deputado do PSD e magistrado defende que este caso deve ser clarificado. “Um governante não se pode dar ao luxo de situações equívocas nesta matéria. Por isso, isto tem que ser e deve ser esclarecido”.
Depois de confrontado pela revista “Sábado”, Rocha Andrade disse não ver nada de grave em ter viajado às custas de uma empresa que tem um contencioso de 100 milhões de euros com o Fisco, mas para não deixar dúvidas, um mês depois oferece-se para pagar a conta. Em comunicado, já afirmou que aceitou o convite por entender que se tratava de um quadro de "adequação social".
O secretário de Estado assistiu a dois jogos em França a convite da Galp.
O CDS já pediu a demissão do secretário de Estado dos Assuntos Fiscais por considerar "reprovável e grave" que tenha viajado a convite da Galp para assistir a jogos da selecção de futebol no Campeonato Europeu/2016.
Mas há outro caso: o do secretário de Estado da Indústria, que também esteve em França a convite da Galp.
João Vasconcelos confirma à Renascença que recebeu e aceitou o convite e explica que pagou uma viagem de avião. O secretário de Estado informa ainda ter pedido à petrolífera que esclareça se há despesas adicionais, as quais serão devidamente reembolsadas.
O CDS também já pediu o afastamento do secretário de Estado da Indústria. À Renascença, Telmo Correia considera ainda urgentes explicações por parte do primeiro-ministro. E se não forem satisfatórias, o CDS admite outras iniciativas parlamentares.
A Renascença também contactou a Galp para saber se houve outros convites semelhantes, mas a petrolífera não responde directamente, dizendo apenas que "este tipo de iniciativas é comum e considerada aceitável no plano ético das práticas empresariais".
O objectivo, acrescenta a empresa, era "fomentar o espírito de união em torno da selecção nacional".