O ministro da Educação, João Costa, revelou não saber quantas crianças começaram o ano letivo sem professor, numa semana em que milhares de alunos regressam à escola.
Em entrevista, esta sexta-feira, à SIC Noticias, João Costa indicou que todas as semanas têm sido fechados centenas de horários, mas que o problema persiste.
"Desde dia 23 de agosto, já colocámos 39.400 horários, que foram resolvidos. Ao longo desta semana, desde sexta-feira passada até terça-feira passada, resolvemos cerca de 1.000 horários. 500 estavam pedidos e mais 500 que entretanto surgiram. E ao longo desta semana, seja entre reservas, seja com contratações de escola, foram mais 472, até agora, à reserva, que foram resolvidos",
Contudo, explica o Ministro, "Não conseguimos fazer uma estimativa precisa de quantos alunos estão impactados pela falta de professores. E porquê? Porque nesta fase, as escolas dão sempre prioridade na distribuição de serviço às aulas, ou seja, os horários que são para aulas mesmo. Temos horários muito variáveis, até diferenciados neste tipo de matérias”, diz. Mas lembra: “um horário por preencher é um horário a mais, um aluno sem aulas não é aceitável”.
Na última segunda-feira, de acordo com a Federação Nacional dos Professores (Fenprof), mais de 100 mil alunos estavam sem professor e as escolas tinham ainda cerca de 1.300 horários vazios.
O ministro voltou a referir que problemas com 50 anos "não se resolvem em meses", mas garantiu o empenho do governo na resolução dos problemas que afetam o setor. João Costa apontou que a procura pela carreira de professor está a aumentar, mas que ainda não é suficiente para que o problema se resolva.
“A única forma de termos mais professores é formando novos professores. Houve muito pouca procura aos cursos de formação durante muitos anos, por várias razões. Neste momento, a procura está a crescer”, avança. No entanto, refere que o ritmo de crescimento não cresce à velocidade daquilo que pode “antecipar a resolução do problema”.
João Costa, deixou por isso uma mensagem aos jovens. “Ao contrário do que aconteceu provavelmente há dez ou 15 anos, em que houve uma grande quebra na procura de cursos professor- quebra essa que se deveu também ao facto de haver uma mensagem de que haver professores mais professores sem colocação- neste momento, essa não é a realidade”.
Já aos sindicatos, o ministro pediu mais empenho, para bem dos alunos, visto que “foram quase duas dezenas de reuniões com os sindicatos ao longo deste ano em que saíram avanços”, aponta. João Costa diz que as próprias organizações sindicais reconhecem esses avanços que foram feitos e por isso considera que é possível “continuar em acordos e desacordos, mas sem prejudicar mais os alunos”.
O ministro da Educação refere ser necessário que os alunos regressaem às aulas com mais “serenidade”, para que não cheguem “à escola nervosos, sem saber exatamente o que vão encontrar”.