No Explicador Renascença desta segunda-feira falamos das manobras militares que a NATO iniciou. São as maiores desde o fim da guerra fria.
É um sinal de que a Aliança Atlântica está a preparar-se para a guerra?
Numa altura em que passam quase dois anos que a Rússia invadiu a Ucrânia, o chefe do comité militar da NATO, o almirante neerlandês Rob Bauer, avisou que a paz não é um facto adquirido e que há a ameaça real de uma guerra com Moscovo, se não no imediato, nos próximos 20 anos.
As declarações de Rob Bauer não pretendem criar o pânico entre os europeus, mas para que se preparem devidamente e para que os Governos invistam no setor da Defesa, para que possam defender-se, se for o caso, mas também para que essa preparação militar seja igualmente dissuasora de alguma provocação, neste caso, por parte de Moscovo.
E é nessa preparação que se inserem estes mega-exercícios militares que hoje arrancaram?
Sim, são as maiores manobras em várias décadas. Desde 1988, em plena guerra fria, que não se via nada de semelhante. Vão envolver 90 mil militares de todos os 31 Estados-membros, portanto incluindo Portugal e também já a Finlândia, recém-admitida na Aliança Atlântica, mas também da Suécia que ainda aguarda que seja formalizada a adesão, mas que também participa nestas manobras.
São exercícios que vão prolongar-se durante vários meses, até maio, e vão decorrer em diversos países. Foram batizados de “Steadfast Defender 2024”, em português qualquer coisa como Defensor Firme 2024.
Quando falamos de manobras, falamos exatamente do quê?
O que a NATO revelou é que pretende demonstrar a capacidade de reforço da zona euro-atlântica com a vinda de forças da América do Norte.
Vai ser simulado um cenário de conflito contra um adversário de dimensão comparável. Não foi dito, mas percebe-se que se refere à Rússia, e está prevista a participação de cerca de 50 navios de guerra, 80 aviões e 1.100 veículos de combate de todos os tipos. Só o Reino Unido vai enviar 20 mil efetivos do Exército, da Marinha e da Força Aérea.
Portugal, que é membro fundador da NATO, com que meios é que vai participar?
É uma participação mais simbólica. Ao todo, vão ser 37 militares portugueses que vão estar envolvidos: 20 militares do Exército vão à Polónia, durante os meses de abril e maio, outros 15 vão para a Roménia, e depois haverá ainda um elemento na célula de planeamento de Operações no Estado-Maior Conjunto do Comando NATO, no Reino Unido e outro embarcado como membro do Estado-Maior de uma das chamadas forças navais de reação imediata.
E a Rússia como é que vê estas manobras da NATO?
De forma muito crítica, como seria de esperar. Diz que é mais uma prova da confrontação do Ocidente contra a Rússia e que mostra que a NATO regressou aos tempos da guerra fria.