O cardeal Raniero Cantalamessa refletiu esta tarde sobre a Paixão de Cristo e o sentido da fraternidade entre católicos, a partir dos desafios da encíclica “Fratelli tutti”.
Na celebração presidida pelo Papa é tradição confiar ao pregador da Casa Pontificia a pregação da Sexta-feira Santa. Desta vez, o cardeal franciscano reconheceu que “a fraternidade católica está dilacerada porque a túnica de Cristo foi cortada em pedaços pelas divisões entre as Igrejas; mas – o que não é menos grave – cada pedaço da túnica, por sua vez, é frequentemente dividido em outros pedaços”.
O pregador do Papa afirmou que se “aos olhos de Deus, a Igreja é ‘una, santa, católica e apostólica’, e assim permanecerá até o fim do mundo, isto, contudo, não desculpa as nossas divisões, mas torna-as ainda mais culpáveis e deve impelir-nos, com mais força, a restaurá-las”.
Perante o Papa e os cardeais presentes, Cantalamessa interrogou-se sobre qual seria a causa mais comum das divisões entre os católicos. E adiantou uma resposta: “Não é o dogma, não são os sacramentos nem os ministérios, coisas estas que, por singular graça de Deus, mantemos íntegras e unânimes. É a opção política, quando ela se sobrepõe àquela religiosa e eclesial e casa com uma ideologia, esquecendo completamente o sentido e o dever da obediência na Igreja.”
O pregador da Casa Pontifícia denunciou ainda que, este é o verdadeiro fator de divisão, em várias partes do mundo, “ainda que tácito ou indignadamente”. Situação que classifica de “um pecado, no sentido mais estrito do termo”, uma vez que “o reino deste mundo se tornou mais importante, no próprio coração, do que o Reino de Deus”.
Também no tempo de Jesus havia quatro partidos, mas Ele foi pastor de todos. Por isso, “também nós pastores somos todos chamados a fazer um sério exame de consciência sobre isto e a nos convertermos”, concluiu Cantalamessa.