O Sindicato Independente dos Médicos (SIM) revelou, esta quarta-feira, que médicos e Governo não chegaram a acordo sobre os aumentos salariais, mas consolidaram os avanços negociais em outras matérias, como férias e tempo de trabalho no serviço de urgência.
No final de uma nova ronda negocial entre o Ministério da Saúde e o SIM e a Federação Nacional dos Médicos (Fnam), que começou na quarta-feira ao final da tarde e terminou pelas 00h00 desta quarta-feira, o secretário-geral do SIM, Jorge Roque da Cunha, garantiu que "há uma grande vontade de chegar a acordo" sobre as questões salariais.
Ficou também marcada a próxima ronda negocial, que irá decorrer esta sexta-feira à tarde, acrescentou, em declarações aos jornalistas à saída do Ministério da Saúde, em Lisboa.
O dirigente sindical espera que o Governo "altere a posição que tem demonstrado em relação à recuperação do salário dos médicos".
Jorge Roque da Cunha explicou que o SIM reafirmou a disponibilidade para o aumento ser "faseado durante o tempo".
A contraproposta dos sindicatos apresentada ao Governo prevê um aumento salarial transversal de 30%.
Mas o Governo, que propõe um aumento de 5%, "manteve-se intransigente em relação a essa matéria", destacou o secretário-geral do SIM.
O sindicalista frisou ainda que "houve consolidação em alguns avanços que tinham acontecido", em matérias como as férias, reposição do horário semanal de 35 horas para todos os médicos que o desejem e das 12 horas semanais de trabalho nos serviços de urgência.
Questionado sobre quais as razões evocadas pelo ministro da Saúde, Manuel Pizarro, para não corresponder aos aumentos salariais exigidos pelos sindicatos, Roque da Cunha referiu que foram apontadas dificuldades relacionadas com o Ministério das Finanças.
O dirigente do SIM alertou ainda que a perspetiva para o Serviço Nacional de Saúde (SNS) em novembro não é tranquilizadora, mas frisou que também não é para dezembro nem para o próximo semestre.
"A situação agudizou-se porque não foram tomadas medidas e a situação chegou onde chegou", frisou.
As negociações entre o Ministério da Saúde e o SIM e a Fnam iniciaram-se em 2022, mas a falta de acordo tem agudizado a luta dos médicos, com greves e declarações de escusa ao trabalho extraordinário além das 150 horas anuais obrigatórias, o que tem provocado constrangimentos e fecho de serviços de urgência em hospitais de todo o país.