Aumentar IUC é "mais uma perseguição" às pessoas sem dinheiro, diz presidente do ACP
19-10-2023 - 16:04
 • Carla Fino com redação

"Se as pessoas têm carro até 2007 é porque não têm dinheiro para o trocar", diz Carlos Barbosa, defendendo mais incentivos ao abate de carros antigos.

O presidente do Automóvel Clube de Portugal (ACP) acusa o Governo de perseguição aos mais pobres ao decidir aumentar o Imposto Único de Circulação (IUC) em carros anteriores a 2007.

Em entrevista à Renascença, Carlos Barbosa diz que a subida do IUC não faz qualquer sentido. "Se as pessoas têm carro até 2007 é porque não têm dinheiro para o trocar", defende.

Sobre as declarações de António Costa no Parlamento, na quarta-feira, o presidente do ACP considera que o aumento do IUC não é comparável à poupança no IRS.

"As pessoas não têm dinheiro para pagar a renda de casa, quanto mais para pagar um carro novo e estranho que uma pessoa supostamente inteligente como o primeiro-ministro tenha dito o disparate que disse na Assembleia da República, porque não é verdade."

Para Carlos Barbosa, "não se poupa no IRS como ele diz porque há um aumento da carga fiscal brutal do IRS" e sugeri-lo só mostra que o Governo "não gosta dos portugueses".

Aumentar o IUC "não faz sentido absolutamente nenhum, trata-se de mais uma perseguição, se é que se pode dizer assim, para as pessoas que não têm dinheiro."

Cerca de três milhões de veículos em Portugal têm matrícula anterior a 2007, um parque automóvel envelhecido que precisa de renovação. A solução, defende Carlos Barbosa, deve passar por um maior incentivo ao abate.

"No fundo, é de uma entrada para poderem comprar um carro novo e, portanto, basta que o incentivo ao abate seja maior, como já foi antigamente para os carros elétricos, de cerca de 4.500 euros, ou que possam ir até aos 6 mil euros, que é uma boa entrada para as pessoas poderem trocar de carro. Isso, sim, é política com cabeça para se trocar os veículos velhos", destaca o responsável do ACP.

A garantia de incentivos para a compra de carro eléctrico anunciada por Fernando Medina não vai resolver o problema, adianta. Até porque "estes carros continuam muito caros em Portugal e não há carregamentos suficientes para se ter um carro elétrico para a vida".

"No dia a dia pode-se ter um carro elétrico para as cidades e pequenos percursos, mas de resto, não há capacidade", diz Carlos Barbosa, que acusa o ministro das Finanças de "mais uma conversa fiada". E insiste que o que tem de ser feito é "simplesmente explicar ao Governo que não vale a pena continuar a 'sacar' mais, porque quanto mais 'saca', mais o povo português fica pobre".

A subida do IUC para os automóveis anteriores a 2007, anunciada pelo Governo na apresentação do Orçamento do Estado para 2024 (OE 2024), tem sido muito contestada. Uma petição lançada dias depois do anúncio já conta com mais de 200 mil assinaturas.

O PSD anunciou entretanto que vai propor a eliminação desta medida no debate do OE 2024 na especialidade.