A decisão de fazer (ou não) os exames nacionais do 9.º ano em formato digital será tomada "o mais rapidamente possível", e a esperança dos diretores de escolas é que as provas sejam feitas em papel. É isso que acredita Filinto Lima, representante dos diretores de escolas públicas, que, esta segunda-feira, esteve reunido com o novo ministro da Educação.
Satisfeito por Fernando Alexandre ter ouvido "quem está no terreno", Filinto Lima diz ter ficado claro, na conversa com o governante, que a decisão será tomada durante a próxima semana. Resta saber qual é.
Durante esta manhã, o ministro deixou claro que a decisão será tomada com "urgência", mas sublinhando que "não há um plano B" deixado pelo seu antecessor.
"Com certeza que ao longo desta semana — ficou implícito nas palavras do ministro — terá de tomar uma decisão o mais rapidamente possível", disse o presidente da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas aos jornalistas, no final do encontro. Idealmente, para o diretor do Agrupamento de Escolas Dr. Costa Matos, em Vila Nova de Gaia, os exames do 9.º ano deveriam ser feitos com papel e caneta.
É que estes, recordou, são exames que contam para a nota, ao contrário das provas de aferição que também serão feitas em formato digital. De resto, nas escolas de norte a sul do país, os alunos não estão todos em pé de igualdade, defendeu. Em alguns agrupamentos, os estudantes não tiveram contacto com material digital e há escolas em que os computadores não são suficientes para todos os alunos.
Segundo a Fenprof, em média, há cerca de 30 computadores estragados por escola. O número foi avançado, esta segunda-feira de manhã, à Renascença pelo secretário-geral da federação de sindicato de professores, Mário Nogueira, no dia em que arrancou uma greve dos professores de informática a funções de suporte técnico a provas digitais.
A falta de computadores é, exatamente, um dos argumentos usados por Filinto Lima, mas não só. "Em virtude de alguns alunos não terem contacto direto com material digital, e de poder estar em causa o princípio da igualdade e da equidade, as provas poderiam ser realizadas no sistema de papel", disse Filinto Lima, recordando que ao longo do ano letivo aconteceu haver nas escolas "computadores avariados à espera de serem reparados".
Sem técnicos para reparar as máquinas, houve alunos que ficaram vários meses sem computador.
Além da Andaep, o ministro da Educação, Ciência e Inovação recebe, esta segunda-feira, a outra associação representativa dos diretores escolares, a ANDE (Associação Nacional de Dirigentes Escolares), liderada por Manuel Pereira. A última reunião do dia é com o Conselho Nacional de Escolas, presidido por António Castel-Branco, um órgão consultivo do ministério e que representa as escolas de todo o país.
Durante a manhã desta segunda-feira, Fernando Alexandre falou sobre o tema e deixou claro que teria de tomar uma decisão a breve trecho. De resto, sublinhou que o seu antecessor, João Costa, "não deixou nenhum plano B".
"Estamos a recolher mais informação para termos o máximo de informação e garantirmos que os estudantes vão poder, em todo o território nacional, realizar as provas em condições de equidade. Nenhum aluno pode ser prejudicado pelo facto de a sua escola não ter as condições adequadas", disse o ministro, em declarações aos jornalistas, no Porto, à margem de um debate sobre o 25 de Abril em que acompanhou o Presidente da República.