O líder da oposição na Venezuela, Juan Guaidó, pediu esta quinta-feira, durante uma intervenção no Conselho Atlântico (Atlantic Council, sediado nos EUA), apoio internacional para que se julguem os responsáveis pelas graves violações dos direitos humanos naquele país.
“Devemos assegurar-nos de que aqueles que cometeram crimes contra a humanidade sejam julgados. É muito importante que se faça justiça e que se crie consciência sobre estes delitos”, sublinhou o também presidente da Assembleia Nacional (parlamento), citado pela agência Efe.
Estas violações de direitos humanos na Venezuela, registados desde 2014, estão assinaladas no relatório da Missão Internacional de Investigação das Nações Unidas.
O documento, que foi divulgado na semana passada, acusa o presidente Nicolás Maduro, o ministro da Defesa, Vladimir Patrino, e outras figuras que ocupam altos cargos de poder de cometerem crimes de lesa humanidade.
O relatório sugere ainda que tribunais fora do país sul-americano, como o Tribunal Penal Internacional, julguem os ataques às liberdades fundamentais.
Juan Guaidó denunciou ainda, perante funcionários, representantes de diversas organizações e outros membros do Conselho Atlântico, na sua intervenção por vídeo, a situação humanitária da Venezuela, que se agravou nos últimos meses devido à pandemia de Covid-19.
O político assegurou que há “nove milhões de pessoas em situação de fome, presos políticos, um salário mínimo de menos de um dólar e que a taxa de mortalidade dos profissionais de saúde é das mais altas do mundo”.
Sobre as eleições legislativas, que estão previstas para 06 de dezembro, Guaidó frisou que a oposição está “a lutar por eleições livres” e “não pela farsa que convocou o regime”.
“Estamos convictos em pressionar quer internamente, quer externamente”, garantiu.
As eleições legislativas agendadas para a Venezuela estão também a ser questionadas pela comunidade internacional por considerar que não cumprem as condições de transparência e liberdade que requerem umas eleições num país democrático.
Juan Guaidó explicou que a oposição divulgou um plano para “uma transição que proporcionaria uma resolução política da crise na Venezuela” e acrescentou que o mais importante é “um ato não violento e que respeite e Constituição”.
“Não podemos esperar por uma transição para que os sete milhões de venezuelanos que precisam de ajuda urgente sejam ajudados, especialmente aqueles que estão noutros países”, frisou.
Os participantes, membros do Conselho Atlântico, como a vice-ministra do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Colômbia, Adriana Mejía, apoiaram o pedido de Guaidó e defenderam a urgência de uma mudança política na Venezuela.