A situação humanitária agrava-se na Síria, à guerra que o país vive há vários anos, junta-se agora a devastação causada pelos sismos desta segunda-feira, que atingiram também a Turquia.
Em declarações à Renascença, o diretor executivo da Amnistia Internacional Portugal, Pedro Neto, relembra que, apesar de ser mais fácil ajudar a Turquia, a Síria não deve ficar para trás e que "uma não exclui a outra".
"Muito do trabalho e do esforço que estão a ser feitos na Turquia - e bem -, tem também de ser replicado no noroeste da Síria, onde o terramoto também teve mais impacto", refere Pedro Neto.
"Muitas destas pessoas já eram deslocados internos, já viviam sem condições. Agora, com esta catástrofe, esse perigo e esse problema aumenta exponencialmente. Há aqui, por maioria de razão, um sinal de muito alarme e preocupação sobre que ajuda é que estas pessoas estão a receber, se é que estão a receber alguma ajuda".
"Cessar fogo completo, quer por parte das forças sírias, quer também das forças russas. Que haja um cessar fogo imediato e que as equipas de ajuda humanitária internacional possam ir à Síria auxiliar estas pessoas e que isso possa ser feito também com segurança pelos trabalhadores humanitários, sem estarem até com medo de estar num cenário de guerra, quando a catástrofe do terramoto já é por si suficiente", apela o diretor executivo, reiterando que "as autoridades sírias têm de permitir e colaborar para que este trabalho também possa ser feito" no país.
Para Pedro Neto, "a comunidade internacional tem de lidar com o interlocutor principal, que é Bashar al-Assad, e tem de haver garantias dessa entrada" da ajuda humanitária.
Contudo, relembra que há um outro "problema muito preocupante". "Um dos mediadores deste diálogo tem sido a Turquia, que, neste momento, está a braços com a resposta também, da sua parte, à ajuda humanitária de emergência pelo terramoto que afetou o seu território. E o outro interlocutor é a Rússia e, por isso, o diálogo será muito difícil", conclui o diretor executivo da Amnistia.
A Síria e a Turquia sofreram esta segunda-feira dois violentos sismos, de 7.8 e 7.5 na escala de Richter. Até ao momento, o balanço provisório da tragédia, dá conta de mais de 7.000 mortos, 20 mil feridos e milhares de desaparecidos e edifícios arrasados. As equipas de busca e salvamento lutam contra o tempo para tentar salvar pessoas presas nos escombros.