A EDP anunciou hoje um lucro de 518 milhões de euros nos primeiros nove meses do ano, uma subida de 1% face ao mesmo período de 2021, suportado pelo desempenho das renováveis na Europa e das redes no Brasil.
Em comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), a EDP reportou um resultado líquido positivo de 518 milhões de euros até setembro, que comparam com 510 milhões registados no mesmo período do ano passado, suportados pela atividade fora de Portugal, nomeadamente pelo desempenho positivo das renováveis na Europa e das redes no Brasil.
Já em Portugal, os prejuízos aumentaram, tendo atingido 181 milhões de euros, entre janeiro e setembro, devido à seca extrema que assola a Península Ibérica e afeta a produção hídrica, que ficou 63% abaixo da média, e ao aumento dos preços da energia nos mercados grossistas.
Em declarações à Lusa, o presidente executivo da EDP, Miguel Stilwell d"Andrade, explicou que o resultado "compara com um resultado positivo do ano passado em Portugal de 158 milhões de euros".
"Como não há água, a energia está vendida aos clientes a um preço já pré-fixado bastante mais baixo, nós estamos a ter de comprar esta energia no mercado e isso gera um prejuízo", detalhou o líder da elétrica.
No terceiro trimestre, a EDP obteve um lucro de 211 milhões de euros, o que representa uma subida de 26%, face aos 167 milhões de lucro registados no mesmo trimestre do ano passado.
Já o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (EBITDA) de julho a setembro fixou-se em 1.052 milhões de euros.
Relativamente ao investimento, o valor bruto do grupo duplicou, nos primeiros nove meses, para 5.500 milhões de euros, dos quais 96% alocados a renováveis e redes.
Nos últimos 12 meses, o grupo instalou mais 2,7 gigawatts (GW) de capacidade renovável.
"Em Portugal, apesar de tudo, continuamos a investir também, investimos cerca de 400 milhões de euros, maioritariamente em redes, digitalização e também nas renováveis", apontou o presidente executivo.
Em termos de resultados operacionais, o EBITDA recorrente aumentou 21%, para 3.046 milhões de euros, impulsionado pelas renováveis e redes, que mitigaram uma queda de 55% no EBITDA recorrente das operações de produção hídrica, clientes e gestão de energia na Península Ibérica.
Já a dívida do grupo subiu para 15.300 milhões de euros, o que, segundo Stilwell d"Andrade, "tem muito a ver com a aceleração do investimento", nomeadamente um "recorde histórico de projetos em construção de cerca de 4.300 MW" e o alargamento para 29 mercados, com a entrada na Ásia e na Alemanha.
Questionado sobre a proposta da Comissão Europeia de estabelecer um teto temporário de 180 euros por megawatt-hora (MWh) para eletricidade produzida sem recorrer ao gás, mas a partir de fontes como renováveis e nuclear, prevendo cobrança das receitas acima deste limite, o presidente executivo considerou que pode acabar por ser "redundante" em Portugal e Espanha, uma vez que já está a ser aplicado o chamado mecanismo ibérico.
Aquele mecanismo estabelece um limite de 40 euros por MWh no preço do gás para produção de eletricidade, que faz com que as tecnologias inframarginais, como as renováveis, tenham um preço mais baixo.