África do Sul encerra fronteiras, incluindo com Moçambique, para controlar contágios
11-01-2021 - 20:51
 • Lusa

Restrições não abrangem voos internacionais, que continuam a ser permitidos no âmbito das medidas de confinamento anunciadas em 28 de dezembro pelo Presidente sul-africano.

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O Presidente da África do Sul anunciou esta segunda-feira o encerramento dos 20 postos de fronteira terrestres do país, incluindo o posto de Lebombo, na fronteira com Moçambique, até meados de fevereiro para reduzir o contágio pela Covid-19.

"Isso expôs muitas pessoas à infeção enquanto esperavam para serem processadas e tem sido difícil garantir a aplicação dos requisitos de saúde para entrada na África do Sul, com muitas pessoas a chegarem sem o teste à Covid-19", disse o chefe de Estado sul-africano numa comunicação ao país.

Nesse sentido, Ramaphosa referiu que "para reduzir o elevado nível de transmissão do vírus", a principal fronteira com Moçambique, juntamente com mais 19 postos de fronteira terrestres, vão encerrar até 15 de fevereiro para "entradas e saídas gerais".

"Entre os quais se inclui os seis postos de fronteira mais movimentados, que são Beitbridge, Lebombo, Maseru Bridge, Oshoek, Ficksburg e Kopfontein", declarou.

"Todavia, as pessoas serão autorizadas a entrar ou sair do país através das fronteiras terrestres apenas em circunstâncias restritas, nomeadamente para transporte de combustível, de mercadorias, atendimento médico de emergência, retorno de cidadãos sul-africanos e residentes permanentes ou outros com visto válido, saída de estrangeiros, diplomatas e estudantes de países vizinhos na África do Sul", salientou.

A medida não afeta os voos internacionais que continuam a ser permitidos no âmbito das medidas de confinamento de nível 3 anunciadas em 28 de dezembro pelo chefe de Estado sul-africano, explicou hoje à Lusa fonte governamental.

O Presidente Ramaphosa disse que o seu executivo decidiu alargar as normas de confinamento de nível 3 até 15 de fevereiro, alterando o recolher obrigatório, que passa a ser das 21:00 até às 05:00, frisando que a venda de álcool continua a ser proibida no país.

"É necessário manter as medidas de alerta de nível 3 em vigor até que tenhamos ultrapassado o pico de novas infeções e tenhamos a certeza de que a taxa de transmissão caiu o suficiente para nos permitir aliviar com segurança as restrições atuais", frisou.

Ramaphosa indicou que desde o início do novo ano, a África do Sul contabilizou 190.000 novos casos de infeção e 4.600 mortes até ao momento, elevando para 1,2 milhões o número total de pessoas infetadas com o novo coronavírus.

De acordo com o Presidente sul-africano, mais de 15.000 pessoas encontram-se hospitalizadas com Covid-19, sendo que um terço dos quais requer oxigénio.

"A nova variante do vírus transmite-se mais rapidamente, a pressão sobre os hospitais é severa", vincou Ramaphosa, apelando aos sul-africanos a aderirem às medidas de confinamento para abrandar as infeções.

As províncias do KwaZulu-Natal, Cabo Ocidental, Limpopo e Mpumalanga, são as mais afetadas pela doença, segundo o Presidente.

O chefe de Estado disse que a África do Sul vai vacinar 67% da população, sendo que 10% da população será através do programa Covax da Organização Mundial de Saúde, acrescentando que o executivo assegurou também 20 milhões de doses por adjudicação direta, contando ainda adquirir nos próximos meses vacinas para a Covid-19 através da União Africana (UA).

"Como presidente da União Africana, iniciamos um grupo de trabalho para a aquisição de vacinas para a África fornecer doses de vacina para o continente, estas vacinas serão adquiridas a granel e os países africanos poderão solicitar doses de vacina a partir desta ‘pool'", afirmou.

"Estima-se que o continente africano precisará de 1,5 mil milhões de doses para imunizar 60% da sua população", frisou.

"Temos uma estratégia de vacinação nacional que será mais eficiente que o nosso programa de HIV-Sida", declarou.

O líder sul-africano assegurou que "qualquer vacina da Covid-19” será “aprovada pela entidade reguladora", indicando que na primeira fase do programa de vacinação contra a doença, cuja data não precisou, o Governo conta vacinar 1,2 milhões de profissionais da saúde.

Numa segunda fase, referiu, a economia mais desenvolvida de África conta imunizar 16 milhões de pessoas, nomeadamente idosos, sem-abrigo, reclusos e pessoas com mais de 60 anos.

Na fase 3 do programa de vacinação contra a Covid-19 anunciado hoje, a África do Sul prevê vacinar cerca de 22,5 milhões de pessoas, segundo Ramaphosa.

"Teremos então alcançado cerca de 40 milhões (67%) de sul-africanos, o que é considerado imunidade de grupo", referiu.

A pandemia de Covid-19 provocou pelo menos 1.934.693 mortos resultantes de mais de 90,1 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.