O Presidente da República garante não estar arrependido "nem de uma única linha" do que disse sobre a nomeação do Governo, assegurando não ter qualquer interesse pessoal e apenas se guiar pelo superior interesse nacional.
"Aquilo que havia a dizer sobre esse assunto já disse na intervenção que eu produzi que foi muito clara e não estou arrependido nem de uma única linha de tudo aquilo que eu disse", afirmou o chefe de Estado, em declarações aos jornalistas em Roma, onde participa esta tarde no X Encontro COTEC Europa.
Garantindo que não tem, nem nunca teve, qualquer interesse pessoal, Cavaco Silva garantiu que até ao último dia do seu mandato se guiará sempre pelo "superior interesse nacional".
"Como sabem nunca tive nem tenho qualquer interesse pessoal, desde o primeiro dia do meu mandato, até ao último dia do meu mandato guiar-me-ei sempre, sempre, sempre pelo superior interesse nacional", assegurou.
Cavaco Silva foi muito criticado pelas considerações que fez sobre o PCP e o Bloco de Esquerda no discurso em que indigitou Pedro Passos Coelho como primeiro-ministro.
Recusando ter feito um discurso de "seita ou partidário", o Presidente reiterou que assumirá as suas responsabilidades porque a sua única preocupação "é a defesa do superior interesse nacional, depois de estudar muito aprofundadamente todos os problemas.
Questionado sobre o que irá fazer caso o Governo liderado por Passos seja chumbado no Parlamento, Cavaco escusou-se a responder, argumentando que em Roma não fará qualquer comentário sobre a política portuguesa.
O chefe de Estado escusou-se igualmente a falar sobre a composição do executivo que o primeiro-ministro indigitado levou na terça-feira ao Palácio de Belém, dizendo apenas que aceitou os nomes propostos e que na sexta-feira, quando der posse do novo Governo, fará uma nova intervenção.
O Presidente da República, Cavaco Silva, anunciou quinta-feira que indigitou o líder do PSD, Pedro Passos Coelho, como primeiro-ministro, e afirmou que apesar de um executivo PSD/CDS-PP poder não assegurar inteiramente a estabilidade política necessária, um Governo apoiado pelo PS, PCP e BE seria "claramente inconsistente" e teria consequências financeiras, económicas e sociais "muito mais graves".
Cavaco lembrou ainda que "a última palavra" na formação do Governo cabe aos deputados, a quem compete decidir "em consciência tendo em conta superiores interesses da nação" se o Governo deve assumir as suas funções.