Instituições da Igreja apresentam manifesto na defesa do trabalho digno
11-10-2024 - 23:35
 • Henrique Cunha

O documento "O desafio do Trabalho Digno num Mundo em Mudança" vai ser apresentado durante a Conferência Anual da Comissão Nacional Justiça e Paz (CNJP) que decorre este sábado em Lisboa.É subscrito por Comissão Nacional Justiça e Paz, Federação Solicitude, Juventude Operária Católica, Liga Operária Católica – Movimento dos Trabalhadores Cristãos, Metanoia – Movimento Católico de Profissionais.

O Presidente da Comissão Nacional Justiça e Paz (CNJP), Pedro Vaz Patto diz que o manifesto resulta do diálogo entre diversos organismos católicos. “Nesta conferencia nos queremos apresentar um manifesto que resulta do diálogo entre estes organismos (Comissão Nacional Justiça e Paz, Federação Solicitude, Juventude Operária Católica, Liga Operária Católica – Movimento dos Trabalhadores Cristãos, Metanoia – Movimento Católico de Profissionais)”.

Um manifesto precisamente sobre este tema da dignidade do trabalho; do trabalho digno num mundo em mudança. Partimos dos princípios da doutrina social da Igreja sobre a necessidade de colocar o trabalho como algo que se deve efetuar em função da pessoa para a plena realização da pessoa e da sua família, e da comunidade em que se insere. Partindo destes princípios da doutrina social da igreja queremos refletir sobre a forma de os aplicar em concreto na realidade portuguesa de hoje”, explica.

"A justa retribuição, a conciliação do trabalho com a vida familiar e a precariedade" são alguns dos aspetos que, na opinião de Pedro Vaz Patto, contribuem para um trabalho digno.

O responsável lembra que “a precariedade do trabalho não facilita a constituição de família e a geração de filhos”. Depois, alerta para as transformações tecnológicas que “devem ser um instrumento que permita um trabalho gratificante” e que não devem ser “vistas numa perspetiva determinista”. “As novas tecnologias devem facilitar a realização das pessoas e não o contrário”, assegura.

Pedro Vaz Patto diz que “o trabalho é uma forma de colaborar na obra da criação, de continuar a obra da criação. Deve ser encarado nesta perspetiva de tornar o trabalhador mais pessoa, e mais plenamente realizado, e inserido na sua família. Ou seja, o trabalho é uma forma de assegurar a vida da família e dos filhos. E também sempre numa perspetiva de que o trabalho é essencialmente relacional. Ou seja, a pessoa nunca trabalha sozinha: trabalha com outros e para os outros”.

“Partindo destes princípios, o manifesto analisa algumas questões da realidade portuguesa que se afastam desta visão como a questão da precariedade, ou do recurso muitas vezes até contra a lei; o recurso a formas de trabalho precário que não se justificam e que não facilitam precisamente a vida familiar entre outros aspetos”, remata.

A conferência anual da Comissão Nacional Justiça e Paz (CNJP) decorre este sábado, no Centro Cultural Franciscano, em Lisboa, e tem como tema «O desafio do trabalho digno num mundo em mudança».

Terá na abertura D. José Traquina, presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana, e contará com um depoimento vídeo do padre Roberto Bongianni sobre “O trabalho digno na visão da Doutrina Social da Igreja".

A temática central vai ser o pilar da mesa-redonda que tem como intervenientes Mafalda Troncho (diretora do escritório da OIT em Portugal) e José António Vieira da Silva (ex-ministro do trabalho).

O manifesto será apresentado ao meio-dia por representantes da ACEGE, LOC, JOC e ACR.

A conferência anual da CNJP realiza-se em parceria com a ACEGE, ACR, Cáritas Portuguesa, JOC, LOC-MTC, o Metanoia e a Federação Solicitude.