O Conselho de Segurança da ONU deverá votar esta quinta-feira um projeto de resolução que pede um cessar-fogo de 30 dias na Síria para permitir a entrada de ajuda humanitária e evacuações médicas, revelaram fontes diplomáticas.
A proposta foi apresentada na quarta-feira pela Suécia e pelo Kuwait, que solicitaram uma votação "o quanto antes", informaram representantes da missão diplomática de Estocolmo. Segundo as mesmas fontes, essa votação deverá acontecer esta quinta-feira.
Suécia e Kuwait já tinham apresentado uma proposta semelhante durante uma reunião à porta fechada do Conselho de Segurança, no passado dia 9 de fevereiro, que terminou sem conclusões.
Antes de esta proposta ser conhecida, a Rússia sugeriu a realização de uma reunião de urgência do Conselho de Segurança da ONU para analisar a situação no enclave rebelde de Ghouta Oriental, nos arredores da capital síria, Damasco.
Essa reunião permitiria a todas as partes "apresentar a respetiva visão, a respetiva interpretação da situação e propor as formas para sair da atual situação", declarou o embaixador russo junto das Nações Unidas, Vassily Nebenzia.
O Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH) indicou na quarta-feira que desde domingo passado 296 pessoas, das quais 71 crianças e 42 mulheres, foram mortas e outras 1.400 ficaram feridas na sequência dos bombardeamentos e dos ataques de artilharia em Ghouta Oriental.
Os aviões do regime de Damasco bombardearam na quarta-feira, pelo quarto dia consecutivo, a zona de Ghouta Oriental, o último grande bastião da oposição ao Presidente sírio, Bashar al-Assad, perto da capital.
A atual ofensiva das forças do regime sírio nesta zona já começou, no entanto, a 5 de fevereiro.
De acordo com dados avançados pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, as vítimas mortais em Ghouta Oriental desde esses primeiros dias de fevereiro são pelo menos 346.
Com cerca de 400 mil habitantes, o enclave rebelde está sitiado pelas forças do regime sírio de Bashar al-Assad desde 2013 e enfrenta uma grave crise humanitária, marcada pela escassez de alimentos e de medicamentos.
Em reação aos raides aéreos realizados pelas forças governamentais, os rebeldes de Ghouta Oriental têm disparado regularmente tiros de morteiro sobre Damasco.
Desencadeado em março de 2011 pela violenta repressão do regime de Bashar al-Assad de manifestações pacíficas, o conflito na Síria ganhou ao longo dos anos uma enorme complexidade, com o envolvimento de países estrangeiros e de grupos 'jihadistas', e várias frentes de combate.
Num território bastante fragmentado, o conflito civil na Síria provocou, desde 2011, mais de 350 mil mortos, incluindo mais de 100 mil civis, e milhões de deslocados e refugiados.