O Papa evocou nesta quarta-feira, no Vaticano, o sofrimento dos migrantes que encontrou na sua recente viagem ao Chipre e à Grécia. Após a recitação da oração do Angelus, na solenidade da Imaculada Conceição, Francisco disse que os cristãos não podem virar a cara para o outro lado quando encontram sofrimento.
“Em Chipre, como em Lesbos, pude ver, olhos nos olhos, todo este sofrimento. Por favor, olhemos nos olhos dos descartados com que nos encontrámos; deixemo-nos provocar pelos rostos das crianças filhas de migrantes desesperados; deixemo-nos tocar por dentro pelo seu sofrimento para reagir à nossa indiferença. Olhemos o seu rosto para despertarmos do sono do costume”, apelou.
Francisco agradeceu a todos os que o acompanharam na sua “peregrinação” à Grécia e ao Chipre e disse ter-se sentido “em família” nos dois países, de maioria ortodoxa.
Do Chipre, fala mesmo num "laboratório de fraternidade".
“Como cristãos, percorremos caminhos diferentes, mas somos filhos da Igreja de Jesus, cuja mãe nos acompanha, nos guarda e faz avançar todos os irmãos. O meu desejo para o Chipre é que seja sempre um laboratório de fraternidade, onde o encontro prevaleça sobre o desencontro; onde o irmão seja acolhido, sobretudo quando é pobre, descartado ou emigrado”, pediu.
“Repito que, perante a História e perante os que emigram, não podemos virar a cara para o outro lado”, reforçou.
Antes, de madrugada, na cerimónia de homenagem à Imaculada Conceição, o Papa pediu a Virgem Maria que “desfizesse o coração de pedra daqueles que levantam muros para afastar de si a dor dos outros”.