Os 24 catequistas que foram assassinados em Guiúa, Moçambique, em 1992, poderão ser os primeiros beatos daquele país.
O processo diocesano para a causa de martírio dos catequistas ficou concluído a 23 de março e segue agora para Roma para ser analisado.
D. Diamantino Antunes, o recém-nomeado bispo de Tete, que é também postulador da causa dos catequistas, acredita que eles serão “os primeiros beatos da Igreja em Moçambique”.
“Quem os matou sabia quem eles eram. Sabia que eram da Igreja, que eram catequistas. Eles responderam quem eram, o que estavam ali a fazer, que não estavam ali por razões políticas pois eram catequistas, e vinham para aprofundar a palavra de Deus”, disse D. Diamantino, durante uma conferência promovida pela fundação Ajuda à Igreja que Sofre.
Apesar dos esclarecimentos dados naquela noite de 22 de março de 1992, o grupo armado que atacou o Centro Catequético de Guiúa não poupou aquelas 24 pessoas. “Foram mortos com armas brancas, à baioneta, e a partir daí, na convicção do povo cristão, estes irmãos são de facto mártires”, explica o bispo.
Também D. Diamantino partilha daquela convicção. “Temos testemunho dos que sobreviveram e dos próprios perseguidores. Mas o mais importante é o motivo por que foram mortos. Isto é: o ódio à fé por parte do perseguidor.”
“Perante todas estas provas o Santo Padre irá dizer se eles são mártires ou não. Se assim o considerar, e esperemos que sim, serão os primeiros beatos da Igreja em Moçambique. E representarão tantos outros que no tempo da revolução, no tempo da guerra civil pagaram um preço alto pela sua fidelidade à Igreja e a Jesus Cristo”, diz.
D. Diamantino Antunes é português mas vive há anos em Moçambique como missionário. Foi nomeado pelo Papa como bispo de Tete a 22 de março, precisamente o aniversário do martírio dos catequistas.