Campanha SOS Síria.“A situação é grave e dramática”
04-12-2024 - 17:55
 • Ângela Roque

Fundação AIS abriu nova campanha solidária de emergência para ajudar os cristãos sírios. Ataque a Alepo, a 1 de dezembro, agravou ainda mais a situação da população que já vive em guerra desde 2011.

A Fundação Ajuda à Igreja que Sofre lançou uma campanha SOS de ajuda aos cristãos na Síria. A decisão foi tomada face ao agravamento da situação no país, depois da região de Alepo ter sido atacada, a 1 de dezembro, com misséis russos. À Renascença, Catarina Martins Bettencourt, responsável pela AIS em Portugal, confirma que as notícias que chegam do terreno não são animadoras.

“A situação é grave. Não nos podemos esquecer que a Síria está em guerra desde há vários anos, a população está a passar por dificuldades muito grandes e o que aconteceu agora só veio piorar as coisas. Em apenas dois dias o custo dos bens essenciais subiu 50%, é uma inflação galopante, com grande impacto para quem já recebe tão pouco, como é o caso das pessoas que trabalham na Síria, onde o salário médio é de 22 euros”.

A comunidade cristã, em particular, está em grande privação e sofrimento. “Neste momento, segundo os dados que temos, os cristãos em Alepo são apenas 25 mil. São as pessoas com mais idade e com mais necessidades que foram ficando ao longo dos anos. Este ataque, que foi uma surpresa para todos, acaba por se revelar ainda mais dramático para quem já tinha uma vida tão difícil”. E acrescenta: “ninguém sabe como tudo isto vai evoluir, mas a comunidade cristã tem sido terrivelmente penalizada pela guerra que começou em 2011 e, como se está a ver agora, com este avanço jihadista na região de Alepo, ainda não terminou”.

Do terreno têm chegado vários pedidos de apoio. “Desde os primeiros contactos que fizemos com a Igreja na Síria que percebemos que tínhamos de fazer alguma coisa, por isso lançámos esta campanha SOS para Alepo”. Uma iniciativa de emergência para garantir o mais básico. “Estão-nos a pedir ajuda ao nível da assistência médica para doentes idosos e crónicos, e para a sobrevivência das pessoas nos bens mais essenciais, desde a parte da alimentação, de colchões, de cobertores. Não nos podemos esquecer que estamos a chegar ao inverno, as temperaturas são baixíssimas, e não há combustível, não há alimentação, não há praticamente eletricidade. É muito grave”.

Explica, ainda, que esta é uma campanha internacional, porque é preciso um “valor elevado”, que não se consegue apenas com um secretariado da AIS, como o português. “Segundo a nossa estimativa são precisos 350 mil euros para garantir ajuda aos hospitais, onde está praticamente tudo paralisado”. Neste momento, conta, “só há dois hospitais a funcionar na região, as reservas alimentares que existem também não são suficientes. As necessidades são muitas”.

“As pessoas de Alepo pedem-nos orações, em primeiro lugar, mas também nos pedem ajuda para estes bens essenciais, por isso foi lançada esta campanha”, sublinha Catarina Martins Bettencourt, que tem falado “quase diariamente com pessoas que estão no terreno”. Num dos mais recentes contactos uma religiosa em Alepo alertava para a situação dos mais idosos, que “neste momento estão praticamente sozinhos”.

Esta é uma campanha SOS para responder à situação de emergência na Síria, mas a campanha de Natal da Ajuda à Igreja que Sofre mantém-se, e é destinada ao Burkina Faso. Os pormenores podem ser consultados no site da Fundação AIS.