A azáfama em hora de ponta na estação ferroviária do Cais do Sodré é por momentos interrompida por um desacato entre um grupo de pessoas sem-abrigo, romenos, que tentaram ludibriar um casal de turistas. Não fora a rápida intervenção dos elementos da empresa de segurança que patrulha a estação e, a esta hora, esses turistas já não conseguiam chegar a Cascais. Pelo menos, não com as malas que levam.
O "entra-e-sai" na estação, com acesso directio ao Metropolitano, chega a ser estonteante.
Encostada a um mupi, de cigarro eletrónico na mão, está Beatriz Dias, uma jovem de vinte e poucos anos que espera por uma colega para juntas, irem para o trabalho. "É muito dependente do horário que se está a procurar. Eu antes, por exemplo, procurava o horário de início de madrugada e era impossível, porque nessa altura não há comboios por causa da reparação da linha."
Gonçalo Nogueira acaba de passar os pórticos de saída da estação, vindo de Cascais. O serviço tem altos e baixos. "Tem dias. Há dias em que de facto se vem muito bem, há outros em que não. Os comboios, efetivamente, estão a cumprir cada vez menos os horários que têm. É um dia de cada vez", diz, encolhendo os ombros.
"Era muito melhor se tivéssemos um horário que fosse cumprido", desabafa Gonçalo Nogueira, antes de sair da estação.
Outra linha em que também não são cumpridos os horários é a Fertagus, que liga Setúbal a Lisboa. Joana Pereira acresce a isso a necessidade de ter mais composições em circulação, sobretudo em hora de ponta.
"Se houvesse mais um comboio ou outro em horas de mais afluência, como ao final do dia, em que as pessoas vão realmente muito apertadas, essa seria a minha sugestão. Mas em relação às condições, ao comboio, não tenho nada a apontar."
Joaquim Simões concorda: os comboios são excelentes, limpos e com bom aspeto. O pior é o resto... "Ultimamente, tem sido péssimo. Hoje nem sei como cheguei aqui, se vinha no ar, se vinha nas escadas.... Foi impossível."
Mora em Corroios há mais de 50 anos, e desde que o comboio passa na Ponte que faz diariamente a travessia para Lisboa. Sublinha a pontualidade praticada na Fertagus, mas repete a ideia: "É gente a mais, está impossível".