André Villas-Boas reforça, numa entrevista à "The Athletic", que vai treinar mais quatro anos e que um dos seus objetivos de vida é ser presidente do FC Porto. O técnico português revela, no entanto, as metas que tem para atingir nas quatro temporadas que tem pela frente. Ainda não desistiu de treinar no Japão, o Boca Juniors seria uma tentação, o Brasil já foi possibilidade, mas agora está na prateleira.
Uma meta em concreto que define é treinar uma seleção numa fase final de um Mundial. "Estou no futebol desde os 18 anos [tem 43]. Sou treinador há 11 anos. Tenho mais quatro pela frente. Tenho a ambição de um dia ser presidente do Porto (...) Quero treinar uma seleção e, provalvemente, terminar com a participação num Campeonato do Mundo", diz.
Olhando para a validade que impõe à sua carreira, Villas-Boas teria de tentar agarrar uma oportunidade em 2022, no Qatar. A não ser que reconsidera o prazo para terminar o seu percurso como treinador e aposte em levar um país ao Mundial 2026, que será organizado pelos Estados Unidos, pelo Canadá e pelo México.
"Sempre senti um selecionador desmonta a parte do futebol como negócio. O que resta é essência do jogador e do futebol. Claro que o futebol entre seleções não é o espetáculo mais bonito, porque não há tempo para preparar as equipas (...) Mas recebemos os jogadores num momento em que eles amam mais o jogo. Estão a jogar pelo seu país, por amor. Não há preocupações com renovações de contrato, bónus, ou coisas do género. Recebemos os jogadores com paixão e eu quero sentir isso. Quero treinar jogadores com esse espírito. É isso que procuro", revela.
Se alcançar esse objetivo, e depois disso, poderá então entrar na corrida pela presidência do FC Porto. Nesta entrevista, Villas-Boas recupera o sentimento que nutre pelo clube e sublinha que as conquistas que alcançou no Porto serão "sempre as mais importantes". "Sou sócio do Porto desde sempre. Quando fizer 50 anos, serei sócio há 50 anos".
Disponível para a "The Athletic", após a participação no Rali de Portugal, ainda com mazelas do esforço, André Villas-Boas passa revista a toda a sua carreira. Recorda as saídas do Chelsea, do Tottenham e do Marselha, revela os convites do Paris Saint-Germain, do São Paulo e do Boca Juniors.
De possibilidade recusadas ou inviabilizadas e da forma como olha para o jogo, com a sensação de que se está a tornar num negócio insustentável, desligado da emoção que esteve na sua origem.
Encontra exemplo disso mesmo na tentativa abortada de criação da Superliga Europeia. "A reação à Superliga baseou-se na frustração de não terem em conta as memórias, o amor visceral. Foi uma demonstração de força", observa, anotando, por outro lado, a forma incauta como os clubes apresentaram o projeto.
"O que mais me impressionou foi o amadorismo com que foi proposta e com que foi cancelada. Os maiores clubes do mundo venderam a sua imagem de um forma tão pobre, com um comunicado à imprensa às 11 da noite".
Villas-Boas defende mudanças e dentro de poucos anos poderá até estar na mesa de negociações, como dirigente. Por agora, prevê mais quatro anos a treinar e, sempre que possível, a acelerar num carro de rali ou em voltar a participar no Dakar.