Os Estados Unidos alertaram o Irão que o grupo 'jihadista' Estado Islâmico (EI) no Afeganistão se estava a preparar para realizar um ataque terrorista, antes dos atentados à bomba em Kerman no início do mês, que mataram 95 pessoas.
Uma autoridade dos Estados Unidos adiantou esta sexta-feira à agência Associated Press (AP), sob condição de anonimato, que Washington seguiu a sua política de longa data de "dever de alertar" outros governos contra potenciais ameaças letais.
O responsável não detalhou como os EUA, que não têm relações diplomáticas com o Irão, transmitiram o aviso sobre a sua inteligência sobre o ISIS-Khorasan, filiado do EI no Afeganistão, conhecido como ISIS-K.
Esta fonte garantiu que funcionários do Governo norte-americano "fornecem estes avisos em parte porque não querem ver vidas inocentes perdidas em ataques terroristas".
Os média estatais iranianos não reconheceram o facto de os EUA terem fornecido a informação a Teerão, e a missão do Irão nas Nações Unidas não respondeu imediatamente a um pedido de comentário da AP.
O grupo EI assumiu a responsabilidade pelo ataque de 3 de janeiro a Kerman, a cerca de 820 quilómetros a sudeste da capital do Irão, Teerão.
O duplo atentado suicida matou pelo menos 95 pessoas e feriu dezenas de outras que participavam numa homenagem ao general Qassem Soleimani, líder da Força Expedicionária Quds da Guarda Revolucionária, que foi morto em um ataque de drones dos EUA em 2020 em Bagdade.
Desde então, o Irão tem tentado culpar os EUA e Israel pelo ataque perante o conflito entre os israelitas e o movimento islamita palestiniano Hamas na Faixa de Gaza.
Teerão lançou ataques com mísseis contra o Iraque e a Síria. Em seguida, lançou ataques contra o Paquistão, que possui armas nucleares, que respondeu com os seus próprios ataques contra o Irão, aumentando ainda mais as tensões numa região inflamada pela guerra Israel-Hamas.
O Wall Street Journal foi o primeiro a informar que os EUA tinham fornecido o aviso ao Irão.
O ISIS-K esteve por trás do atentado suicida de agosto de 2021 no aeroporto de Cabul, que causou a morte a 13 soldados dos EUA e a cerca de 170 afegãos, durante a caótica retirada dos EUA do Afeganistão.
Esta filial do EI tem milhares de membros e é o inimigo mais ferrenho e a principal ameaça militar dos Talibãs, sendo que o grupo continuou a realizar ataques no Afeganistão e em outros locais desde o regresso ao poder destes.