O Banco de Portugal prevê que o salário médio cresça 4,4% em 2024 e que o rendimento disponível real das famílias suba 4%, de acordo com o boletim económico da instituição divulgado esta sexta-feira
O relatório apresentado hoje, em Lisboa, pelo governador da instituição, Mário Centeno, aponta para um aumento do salário médio da economia de 4,4% em 2024 e de 3,8% em 2025 e 2026, após um aumento de 8% em 2023.
Segundo o regulador, o abrandamento reflete a redução esperada da inflação, "mantendo-se os ganhos em termos reais alinhados com os da produtividade", sendo "consistente com uma aproximação do peso da remuneração do trabalho" no Produto Interno Bruto (PIB) aos valores observados antes da pandemia.
Esta evolução será uma das componentes que influencia o rendimento disponível real das famílias, que deverá subir 4% em 2024 e 1,9% em 2025 e 2026, após um aumento de 1,9% em 2023.
"Estes ganhos estão associados à descida da inflação e à dinâmica dos salários e das prestações sociais. A redução dos impostos diretos contribuirá também para o aumento do rendimento disponível em 2024-25", aponta.
O Banco de Portugal (BdP) tem a expectativa que neste sentido o consumo privado cresça, em média, 1,9% em 2024-26, num contexto de ganhos de rendimento disponível real e aumento da poupança.
"Em 2024, o crescimento contido do consumo privado face ao do rendimento e o aumento da taxa de poupança refletem a necessidade e oportunidade de constituição de almofadas financeiras num contexto de taxas de juro elevadas", refere, admitindo que para as famílias endividadas, as taxas de juro mais elevadas implicarão um ajustamento em baixa das despesas de consumo.
Já em 2025 e 2026, o consumo deverá crescer em linha com o rendimento disponível, "estabilizando a taxa de poupança em valores superiores aos do período pré-pandemia".
"Estes valores da poupança, conjugados com a fraqueza do investimento residencial, traduzem-se num aumento da capacidade de financiamento das famílias, que deverá continuar a ser parcialmente canalizada para a amortização de dívida", indica.
O BdP prevê que o mercado de trabalho deverá continuar a evoluir favoravelmente, com aumentos do emprego (0,7% em 2024 e 0,5% em 2025-26) e dos salários reais, enquanto a taxa de desemprego deverá manter-se estável em 6,5%.
O supervisor espera que a economia portuguesa cresça 2% em 2024 e que a taxa de inflação diminua para 2,4%.