Autarca português em Paris: “A sociedade francesa está bastante fraturada"
23-12-2022 - 18:19
 • Isabel Pacheco

Autarca parisiense espera que a manifestação de homenagem às vitimas agendada para sábado não sirva de pretexto para mais confrontos.

Hermano Sanches Ruivo, vereador português na câmara de Paris, acredita que não há razões para que os confrontos registados esta sexta-feira no 10º bairro de Paris entre a polícia e manifestantes se alastrem à cidade.

Em declarações à Renascença, o português de Alcains radicado em França mostra-se convencido de que os episódios de violência que se registaram após o ataque à comunidade curda tiveram influência extremista.

“A sociedade francesa está bastante fraturada e, automaticamente, a extrema-esquerda e extrema-direita estão-se a aproveitar do que está a acontecer, o que leva ao escalar de uma situação que é muito limitada a um espaço de Paris”, explica o autarca parisiense que descreve um cenário de aparente normalidade na cidade.

“Diria que 90% do território parisiense está a viver plenamente um dia antes da véspera de Natal. Muitos deles vão descobrir o que está a acontecer quando regressarem a casa”, refere Hermano Sanches Ruivo.

Sobre a manifestação agendada para as 12h00 de sábado pela comunidade curda, Hermano Sanches Silva espera que o momento sirva “de recolhimento e de homenagem às vítimas” e não sirva de pretexto para mais confrontos.

O momento de homenagem “é normal que aconteça”. A questão, lembra o autarca, é “como a iniciativa vai ser organizada e aproveitada para eventuais distúrbios”.

Manifestantes curdos e a polícia entraram, esta sexta-feira, em confrontos no centro de Paris, na sequência de um aparente crime de ódio contra a comunidade curda na capital francesa.

O ataque ocorrido no 10º bairro, perto do centro comunitário curdo, provocou, pelo menos, três mortos e três feridos, um deles em estado grave.