Pais, professores e alunos não aceitam ser deslocados para outras escolas enquanto não houver um compromisso do Ministério da Educação com uma data para o início das obras na escola Alexandre Herculano, onde as aulas estão suspensas por falta de condições.
A suspensão foi decidida na quinta-feira pelo Ministério – “em articulação com a direcção da Escola, tendo sido comunicada aos encarregados de educação", segundo nota oficial – e prolonga-se até à próxima segunda-feira. O objectivo é acautelar as condições de segurança dos quase 900 alunos.
Ouvida pela Renascença, a presidente da associação de pais, Paula Nogueira, garante que os alunos só voltam às salas de aula quando estiverem reunidas todas as condições de segurança.
“Decidimos que não íamos permitir – ou antes, íamos apelar a que os pais não levassem os filhos à escola para serem garantidas todas as condições de segurança. Iremos, amanhã de manhã [sexta-feira], por volta das 9 horas ter uma reunião com Delegado Regional de Educação do Norte para ver o que é que podemos resolver para que as condições de segurança sejam definidas", explicou.
A reunião envolve ainda os professores e os alunos.
Já sobre a hipótese de os estudantes virem a ser distribuídos pelo agrupamento escolar ou transferidos para outra escola, Paula Nogueira não a vê com bons olhos: "Não achamos de todo viável por causa dos horários. Acho que não vai ser solução”, disse na quinta-feira.
Esta sexta-feira de manhã, também à Renascença, afirmou que “a mudança de alunos só pode ser de modo transitória, mas com uma data definida para o início das obras. Isso é o ponto crucial em cima da mesa”.
A mesma garantia reivindicam os professores. “Poderemos até ponderar a hipótese de deslocação para um dos estabelecimentos, fala-se na Ramalho Ortigão, mas nunca sem haver um compromisso firmado de que, de facto, é provisório e de que, a partir de determinada data, voltaremos a este edifício”, afirma Elsa Novais.
“Não se está a pedir demasiado, só se está a pedir condições razoáveis para poder trabalhar. Enviarem-nos para um edifício sem fim à vista ou sem um compromisso muito vincado de que de facto é só provisório e para regressar quando as obras estiverem terminadas, sem isso julgo que ninguém estará na disposição de aceitar essa proposta”, sublinha.
O Ministério da Educação já garantiu, por seu lado, estar a estudar uma solução imediata para que seja possível retomar as aulas na Escola Secundária Alexandre Herculano no Porto.
A queda de chuva no interior do edifício levou, na quinta-feira, à suspensão das aulas e ao encerramento do estabelecimento. A decisão foi tomada por iniciativa dos alunos e confirmada pelo director da escola.
A sub-directora da escola, Fátima Gama, explicou por que os alunos se recusaram a entrar nas salas. "Chovia em muitas salas, chove no corredor, o ginásio pequeno tem dois buracos e há uma ala fechada por causa da humidade".
O estado de degradação do velho liceu da zona oriental da cidade é visível e já em 2009 a Parque Escolar reconhecia a urgência de obras, mas nada avançou por falta de verba.
Desde então, sucederam-se os alertas para a necessidade de recuperar o edifício com mais de cem anos e foi mesmo lançada uma petição, "Não deixamos cair o Alexandre", que exigia obras na escola.
[Notícia actualizada às 10h20 de sexta-feira]