O Banco de Portugal alertou em 2012 para o risco de o Estado não reaver a totalidade do empréstimo que fez ao Banif, referiu o vice-governador Pedro Duarte Neves, que está a ser ouvido na comissão parlamentar de inquérito à gestão do Banco do Funchal.
O vice-governador do Banco de Portugal garantiu no Parlamento que em Dezembro de 2012, no parecer que deu sobre a recapitalização pública do Banif, reconheceu que o Banco do Funchal poderia não pagar a totalidade do montante emprestado pelo Estado (1100 milhões de euros).
Pedro Duarte Neves sublinhou que nesse documento, que foi enviado ao Ministério das Finanças, se dava nota desse risco.
“O Banco de Portugal assumiu claramente que o reembolso de uma parte do investimento público não seria assegurado com a geração de recursos internos no horizonte considerado. O reembolso seria garantido através de uma solução de venda em mercado das acções subscritas pelo Estado na medida em que se antecipava que o banco teria condições de rentabilidade susceptíveis de atrair capital privado”, disse.
O vice-governador reconheceu, contudo, que na avaliação feita, a recapitalização pública do Banif era a melhor alternativa face a uma liquidação ou a resolução do banco.
“A opção proposta pelo plano de rentabilização era a que, nas circunstâncias em causa, tendo em conta os riscos e os impactos das alternativas disponíveis, melhor salvaguardava a estabilidade financeira e os interesses do Estado e dos contribuintes”, acrescenta.
Pedro Duarte Neves afirmou ainda que o Banif chegou onde chegou por muitos erros de gestão e por atribuir créditos de sem avaliação do risco.
De resto, o vice-presidente do Banco de Portugal falou mesmo em falsas informações prestadas pela administração do Banco do Funchal e que o Banco de Portugal, tendo sido aplicadas coimas de 1,8 milhões de euros a dezenas de administradores do Banif e empresas associadas do banco antes da recapitalização.