Abusos na Igreja. Bispo saúda decisão de padre que se tentou entregar à justiça
17-02-2023 - 18:09
 • Tomás Anjinho Chagas com redação

Anastácio Alves, que assumiu ter abusado sexualmente de menores, estava desaparecido desde 2018, tendo sido acusado à revelia em 2022.

O bispo auxiliar de Lisboa saúda o ato do padre José Anastácio Alves, que se entregou às autoridades, mas não comenta o facto de não ter ficado detido.

Este sacerdote, que assumiu ter abusado sexualmente de menores, tentou entregar-se quinta-feira na Procuradoria-Geral da República (PGR).

D. Américo Aguiar fala do ato de reconhecer os erros cometidos. “Só tenho, nas minhas orações, dar graças a Deus por este sacerdote, na sua reflexão e na sua introspeção, ter concluído que era importante esclarecer a verdade e entregar-se às autoridades.”

A história foi contada pelo Observador, que acompanhou o antigo prelado na tentativa de se entregar às autoridades competentes.

Acusado de abuso de menores, Anastácio Alves estava desaparecido desde 2018, tendo sido acusado à revelia em 2022. Na altura, a PGR emitiu um comunicado a dar conta de que, durante o inquérito, chegou a ser pedida cooperação internacional a França para o localizar.

Entretanto, a Procuradoria-Geral da República confirmou que não notificou o ex-padre José Anastácio Alves, arguido num caso abusos de menores, e refere que a sua detenção era “inviável” por não existir um mandado judicial.

Questionado sobre se estes casos mancham a imagem da Igreja, D. Américo Aguiar garante que a preocupação é sempre o sofrimento das vítimas: “Não me preocupa nada a notoriedade da Igreja ou da jornada, porque, isso comparado com o sofrimento de qualquer pessoa que tenha sido vítima, não tem comparação absolutamente nenhuma.”

Estas declarações foram feitas à margem da assinatura de um protocolo relacionado com a Jornada Mundial da Juventude (JMJ).


Se foi vítima de abuso ou conhece quem possa ter sido, não está sozinho e há vários organismos de apoio às vítimas a que pode recorrer:

- Serviço de Escuta dos Jesuítas, um “espaço seguro destinado a acolher, escutar e apoiar pessoas que possam ter sido vítimas de abusos sexuais nas instituições da Companhia de Jesus.

Telefone: 217 543 085 (2ª a 6ª, das 9h30 às 18h) | E-mail: escutar@jesuitas.pt | Morada: Estrada da Torre, 26, 1750-296 Lisboa

- Rede Care, projeto da APAV, Associação Portuguesa de Apoio à Vítima, que “apoia crianças e jovens vítimas de violência sexual de forma especializada, bem como as suas famílias e amigos/as”.

Com presença em Lisboa, Porto, Coimbra, Braga, Setúbal, Santarém, Algarve, Alentejo, Madeira e Açores.

Telefone: 22 550 29 57 | Linha gratuita de Apoio à Vítima: 116 006 | E-mail: care@apav.pt

- Comissões Diocesanas para a Protecção de Menores. São 21 e foram criadas pela Conferência Episcopal Portuguesa.

São constituídas por especialistas de várias áreas, recolhem denúncias e dão “orientações no campo da prevenção de abusos”.

Podem ser contactadas por telefone, correio ou email.

Para apoiar organizações católicas que trabalham com crianças:

- Projeto Cuidar, do CEPCEP, Centro de Estudos da Faculdade de Ciências Humanas da Universidade Católica

Se pretende partilhar o seu caso com a Renascença, pode contactar-nos de forma sigilosa, através do email:

partilha@rr.pt