Os dados oficiais escondem mortes nas estradas portuguesas, acusa a Associação de Cidadãos Auto-mobilizados (ACA-M).
Segundo a Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária (ANSR), desde o início do ano morreram ao volante 460 pessoas, número inferior ao registado em 2019, ano de referência pré-pandemia de Covid-19.
Em declarações à Renascença, Manuel João Ramos, da Associação de cidadãos Auto-Mobilizados, acredita que este número peca por defeito. Faltam as vítimas mortais que não resistiram aos ferimentos, o que aumenta estes números em cerca de 30%.
“É uma forma de massajar os dados para evitar reconhecer o impacto grave da sinistralidade e da mortalidade rodoviária em Portugal, porque estes dados são apenas referentes aos mortos no local do acidente e no continente. Temos que incluir também os mortos nas ilhas e os mortos a 30 dias, que geralmente são 30% mais”, afirma Manuel João Ramos, em declarações à Renascença.
A ACA-M denuncia ainda que a Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária deixou de divulgar as mortes na estrada a 30 dias, apesar de estar obrigada por lei.
“A ANSR tem um período de seis meses para tratar os dados dos mortos a 30 dias. E fê-lo desde pelo menos 2010 a 2019, porque está obrigada a isso. A partir de 2019, e não podemos dizer que a pandemia teve alguma coisa a ver com isto, a ANSR optou por não divulgar os dados dos mortos a 30 dias”, afirma Manuel João Ramos.
Qual é o objetivo? “Ocultar o impacto da mortalidade rodoviária nas estradas portuguesas. Quando nos comparamos com os outros países europeus, ficamos muito mal no retrato”, alerta.
Já o presidente da Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária, Rui Ribeiro, sublinhou, esta terça-feira, o "progresso notável" do país na segurança rodoviária. As vítimas mortais diminuíram "81%" em 25 anos". Nos últimos 10 anos morreram nas estradas portuguesas 6.089 pessoas e foram registados 315 mil acidentes.
[notícia corrigida - número de mortes desde o início do ano é de 460 e não de 560]