Falta de medicamentos. Oito em cada 10 são genéricos
08-07-2023 - 03:07
 • Lusa

Dos medicamentos descontinuados em 2022, 67% eram genéricos, segundo os dados avançados pela Associação Portuguesa de Medicamentos Genéricos e Biossimilares

Até sexta-feira, estavam temporariamente indisponíveis no mercado 1.214 apresentações de medicamentos, dos quais 957 (79%) são genéricos. Dados avançados à agência Lusa pela Associação Portuguesa de Medicamentos Genéricos e Biossimilares (APOGEN) baseados em dados da autoridade nacional do medicamento (Infarmed).

Dos medicamentos que foram descontinuados em 2022, 67% eram genéricos, segundo os dados avançados pela associação, a propósito dos 31 anos do início da comercialização dos genéricos em Portugal, assinalados este sábado.

"Neste dia apelamos a que sejam criadas condições que assegurem a disponibilidade destas tecnologias de saúde mais acessíveis para a população. É necessário criar um consenso que permita um equilíbrio entre a sustentabilidade da despesa em saúde com a competitividade e atratividade da indústria farmacêutica que investiga, desenvolve, produz e comercializa medicamentos genéricos a bem dos portugueses", defendeu a presidente da APOGEN, Maria do Carmo Neves.

Para Maria do Carmo Neves, "há um caminho grande" que é preciso fazer em termos da sustentabilidade da indústria: "Os preços são muito baixos e, como muito baixos, nós assistimos a roturas de medicamentos".

A responsável defendeu uma revisão anual de preço para "os produtos que têm preços muito baixos", no mínimo de acordo com a inflação, e para os que têm preços mais baixos que seja até acima da inflação para poderem entrar no mercado.

No ano passado, lembrou, "houve um aumento de 5% para estes medicamentos, mas foi nitidamente insuficiente", disse, elucidando que, neste momento, há muitas moléculas que são fabricadas em que o custo de fabrico é superior ao custo de venda ao público.

Há medicamentos que deixam de existir porque "as empresas não comercializam aquilo que lhes dá margens negativas". Por isso, a presidente da APOGEN defende "a sustentabilidade do Serviço Nacional de Saúde e do cidadão passam pela sustentabilidade destas empresas fornecedoras".

Segundo dados da APOGEN, os medicamentos genéricos permitiram uma poupança de 7.000 mil milhões de euros em 20 anos.