Câmara admite retirar utentes do Lar do Comércio perante "situação grave" de Covid-19
24-04-2020 - 20:01
 • Teresa Almeida , Cristina Nascimento com Lusa

Seis utentes morreram com Covid-19 e há outros 51 casos confirmados naquela unidade de Matosinhos. Equipas de profissionais dos lar foram reforçadas para tentar garantir separação dos idosos.

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O vereador da Proteção Civil da Câmara de Matosinhos, José Pedro Rodrigues, admitiu esta sexta-feira que não está afastado o cenário de retirada de utentes do Lar do Comércio, com a entrada de bombeiros e proteção civil para impor o cumprimento das normas e garantir a separação dos utentes.

José Pedro Rodrigues revelou à Renascença que até esta sexta-feira, morreram seis pessoas de Covid-19 e foram registados 51 casos confirmados de utentes infetados, aguardando-se ainda o resultado de alguns testes já realizados.

Em declarações à Renascença, o vereador da proteção civil da Câmara de Matosinhos diz que nenhum cenário está afastado neste momento.

"Nós temos todos os cenários ponderados. A mobilização de pessoas idosas, muitas delas acamadas, muitas delas já de idade avançada, é sempre um movimento de risco. Nós procuraremos e procuramos esgotar todas as possibilidades de, dentro das instituições, encontrar os espaços necessários para esta segregação ser feita em segurança", assegura, acrecescentando, no entanto, que não colocam "de parte, se a situação o exigir, outras medidas mais extremas".

José Pedro Rodrigues adiantou ainda que no quadro da vistoria realizada na quinta-feira foi decidido reforçar, entre esta sexta-feira e sábado, o quadro de profissionais da instituição com a contratação de sete a oito enfermeiros e pessoal de ação direta.

O vereador do pelouro referiu que vai ser mantida uma avaliação permanente da situação, nomeadamente ao nível da gestão técnica e das equipas ao serviço do lar, por forma a garantir a correção das falhas detetadas pelas autoridades de saúde, nomeadamente na separação de utentes.

Segundo José Pedro Rodrigues essa avaliação será feita no sábado em face uma situação "muito desfavorável" e que pode justificar "a mobilização de mais meios".

Desconhecendo ainda o número total de infetados, o vereador salientou que estamos perante uma situação de evolução do contágio dentro da instituição que até quinta-feira, não tinha ainda posto corrigido as falhas identificadas na semana passada pelas autoridades de saúde.

O cenário é grave, garante.

"Perdeu-se tempo precioso, estamos a correr contra o tempo e num quadro de enorme dificuldade e estamos necessariamente a procurar conter uma situação que é grave", descreve.

Segundo a instituição, o primeiro caso positivo de Covid-19 positivo foi detetado no dia 12 de abril, contabilizando-se, até quinta-feira, seis mortes, três confirmadas por Covid-19 e 21 idosos infetados.

Aquele lar de terceira idade foi já vistoriado pelas autoridades de saúde três vezes, a última das quais na quinta-feira, altura em que foram determinadas, pelas autoridades de saúde, novas medidas corretivas em face da verificação do incumprimento das normas de seguranças, higienização e segregação dos utentes.

Em Portugal, morreram 854 pessoas das 22.797 confirmadas como infetadas, e há 1.228 casos recuperados, de acordo com a Direção-Geral da Saúde. A região Norte é a que regista o maior número de mortos (491).

[notícia atualizada às 22h03; com atualização de número de vítimas mortais e casos infetados]