Henrique Raposo entende que Portugal deve implementar a semana de quatro dias de trabalho. O comentário surge na sequência do relatório do Instituto de Emprego e Formação Profissional que indica que trabalhadores e empresas que testaram semana de quatro dias querem manter o modelo.
Os dados divulgados apontam para a redução do absentismo, a queda da exaustão e desgaste e o melhor equilíbrio entre trabalho, família e vida pessoal.
“As coisas correram bem, portanto, temos que seguir aquilo que a experiência nos diz. Isso é fazer política ou, aliás, qualquer tipo de atividade humana, desde a ciência à arte”, argumenta.
Na visão do comentador, a experiência “está a correr muito bem”, destacando, por outro lado, que “os portugueses têm um problema clássico de produtividade, estão muito tempo no trabalho, mas dessas horas resulta pouco trabalho feito realmente”.
Confortado com a opinião de especialistas que dizem que é preciso introduzir vários aspetos, várias mudanças culturais na forma como as empresas funcionam, porque não é só tirar uma sexta-feira, Henrique Raposo concorda.
“Há aqui uma questão de organização cultural. Não é só sermos mais eficazes para a empresa, mas também para a nossa família”, diz Raposo, assinalando que “um dos problemas da sociedade portuguesa é que nós saímos muito tarde, somos poucos produtivos e precisamos de muitas horas para trabalhar”.
No seu espaço de comentário na Renascença, Raposo destaca ainda que “não é por acaso que as mulheres que, infelizmente, continuam a ter o grosso do trabalho doméstico, estão na vanguarda da proteção desta ideia, porque têm um dia livre para agilizar a relação entre o trabalho e a família”.
“E há aqui outra questão cultural. Nós temos um problema cultural, o nosso almoço, durante os dias de trabalho, é de uma hora. Eu acho que isso não faz sentido e isto facilita uma coisa fundamental, numa sociedade moderna, que é a jornada contínua, que em Portugal é muito difícil”, completa.