O administrador não-executivo da Mota Engil e antigo presidente da empresa Jorge Coelho classifica como "muito importante" o aumento da linha de crédito de apoio às exportações para Angola, anunciada esta segunda-feira, em Luanda, pelo primeiro-ministro
António Costa anunciou que a linha de crédito de apoio às exportações para Angola de mil milhões para 1,5 mil milhões de euros. A revelação surgiu no início de uma reunião com empresários portugueses que têm investimentos no mercado angolano.
Em entrevista à Renascença, Jorge Coelho, que integra a comitiva de Costa em Angola, foge a comentar a situação política angolana, mas não deixa de afirmar que há "um novo ciclo" no país e que isso é "importante, não só para a Mota Engil e para as pessoas que a empresa aqui tem - tem centenas de quadros portugueses a trabalhar em Angola -, mas para muitas mais empresas" que estão em Angola.
Como avalia as mudanças que têm sido feitas em Angola?
Eu sou das pessoas que tem a perspetiva de não me imiscuir nos assuntos políticos de Angola, como também não gosto muito de ouvir pessoas de outros países estarem a emitir opiniões sobre o que se passa no meu país, que é Portugal. O que eu desejo é que este novo ciclo, que, de forma clara, se está a criar em Angola, tenha sucesso e penso que está a tê-lo. Não só naquilo que é o desenvolvimento de Angola, como no seu relacionamento na cena internacional.
Nós temos muito a ganhar com isto, nós, Portugal. Temos aqui muitos portugueses, muitas empresas, muitas pessoas a trabalhar, que passaram tempos também um bocado complexos. A normalização das relações pode fazer com que isto tenha uma nova linha positiva para os povos de ambos os países.
Quais são os principais interesses da Mota Engil em Angola, neste momento?
São muitos. Está cá há 70 anos em atividade, tem aqui trabalho em várias áreas e, acima de tudo, tem um excelente relacionamento e uma excelente integração naquilo que é a estratégia de desenvolvimento económico de Angola. Soubemos aqui colocar a nossa estratégia, ajustada a essa própria estratégia de desenvolvimento.
Penso que este novo ciclo vai ser importante, não só para a Mota Engil e para as pessoas que a empresa aqui tem - tem centenas de quadros portugueses a trabalhar em Angola -, mas para muitas mais empresas que, felizmente, aqui desenvolvem a sua atividade.
Qais são as dificuldades que ainda existem?
As principais são as que existem em todo o mundo, infelizmente, que são as questões que têm a ver com o financiamento dos projetos. A economia internacional está como está e, portanto, há sempre dificuldades. Há dificuldades em Angola, há em Portugal, em qualquer um dos muitos países em que o grupo está. Mas essas coisas também têm que obrigar a haver uma nova mentalidade, maior capacidade para conseguir concretizar os objetivos e resolver os problemas.
O que é que pode dizer do Instituto Hematológico Pediátrico, que é uma obra em que estão e que o primeiro-ministro vai visitar amanhã?
Não me meto nisso, já não sou político. Mas deixe-me dizer-lhe: o que o primeiro-ministro aqui anunciou, do aumento da linha de crédito, é muito importante para as empresas portuguesas aqui. Muito importante.