Vitória espanhola à presidência do Eurogrupo pode ser vantajosa para Portugal, defende economista
09-07-2020 - 10:24
 • Anabela Góis com redação

Os ministros das Finanças da Zona Euro elegem, esta quinta-feira, o novo presidente do Eurogrupo, numa reunião por videoconferência que assinala a despedida europeia de Mário Centeno e a estreia do ministro João Leão.

Mário Centeno despede-se esta quinta-feira do Eurogrupo. O antigo ministro das Finanças participa na última reunião com os seus homólogos da Zona Euro, que vão agora escolher um novo presidente.

Há três candidatos ao lugar: uma espanhola, um holandês e um luxemburguês. Para trás, Centeno deixa um mandato que acaba por ficar marcado pela crise provocada pela pandemia, uma das mais graves de sempre.

Para João Cerejeira, professor de Economia da Universidade do Minho, o antigo ministro das Finanças também deixa uma marca positiva: a rapidez na resposta à “maior crise económica na zona euro, desde a Segunda Guerra Mundial”.

“Provavelmente, o facto de Mário Centeno ter sido ministro de um dos países que foi intervencionado na altura também pode ter contribuído para que as instituições europeias tivessem dado uma resposta maior. Podemos sempre argumentar que não é resposta suficiente, que não é suficiente para as quebras de rendimento e do PIB que vão acontecer, mas foi, mesmo assim, maior do que todas as ações que foram feitas em crises anteriores e em moldes diferentes”, defende o economista, em entrevista à Renascença.

Quanto ao facto de termos tido um português na liderança do Eurogrupo, João Cerejeira diz que não trouxe qualquer vantagem para Portugal.

“Se houve alguma vantagem, ou não, não sabemos. Pelo menos, explicitamente, não houve, mas também não era esse o papel do presidente do Eurogrupo, o de estar a favorecer um país em particular”.

Portugal apoia a candidata espanhola, Nadia Calviño, ministra da Economiade Espanha, à presidência do Eurogrupo.

Segundo João Cerejeira, trata-se de uma questão de diplomacia, mas, ainda assim, considera que é vantajoso para Portugal que o líder do Eurogrupo venha do Sul da Europa.

"Ter alguém de Espanha é preferível porque há sempre aqui uma componente humana. Acaba por entender melhor, vive mais perto os problemas que são mais destes países do Sul, do que ter alguém efetivamente de outro país mais do Norte, com uma dívida pública muito menor, com outro tipo de problemas que não são os desses países. Acho que Portugal fez bem em apoiar um candidato de Espanha, sem dúvida”, afirma o professor da Universidade do Minho.

Os ministros das Finanças da zona euro vão esta quinta-feira eleger o novo presidente do Eurogrupo, numa reunião por videoconferência que assinala a despedida europeia de Mário Centeno e a estreia do ministro João Leão.