O Serviço de Estrangeiros e Fronteiras revelou esta sexta-feira ter detido um homem de origem indostânica, de 26 anos, que é o terceiro suspeito capturado por presumível tráfico, agressões e exploração de trabalhadores agrícolas em Serpa (Beja).
Fonte do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) indicou à agência Lusa que, na sequência do cumprimento de mandados judiciais realizado na quarta-feira, em que foram detidos dois homens, foi detido esta sexta-feira mais um suspeito, dando cumprimento a "um terceiro mandado de detenção".
O mandado foi emitido pelo magistrado do Ministério Público de Serpa que é titular dos autos, disse a fonte.
O suspeito vai ser presente no sábado a um juiz de Instrução para primeiro interrogatório judicial e aplicação de eventuais medidas de coação, acrescentou.
A operação envolveu a detenção, na quarta-feira, na zona da grande Lisboa, dos primeiros dois homens, de 33 e 53 anos, de origem indostânica e já com nacionalidade portuguesa, revelou, na altura, o SEF, em comunicado.
No âmbito deste processo, o Tribunal Judicial de Serpa decretou a prisão preventiva do homem de 33 anos, que é suspeito de praticar as alegadas agressões contra trabalhadores, tendo o mesmo sido conduzido ao Estabelecimento Prisional de Beja, onde vai aguardar o desenrolar do processo, avançou esta sexta-feira à Lusa fonte do SEF.
Quanto ao homem de 53 anos, o tribunal determinou que fica sujeito a apresentações semanais na força de segurança da área de residência, segundo a mesma fonte.
Os homens foram detidos "por indício da prática do crime de tráfico de pessoas, consubstanciado na exploração de trabalhadores agrícolas, através de pressão psicológica, ameaças, agressões físicas e retenção de salários".
O SEF deu cumprimento a mandados judiciais de detenção e de busca domiciliária, no âmbito de uma investigação criminal em curso.
Os factos "foram praticados em Serpa, distrito de Beja, onde os arguidos tinham dezenas de trabalhadores de origem indostânica para a realização de tarefas agrícolas", explicou o SEF.
Estes trabalhadores eram alegadamente mantidos pelos suspeitos "sob exploração, aproveitando o facto de não terem a sua situação regularizada em Portugal", acrescentou.
"Os arguidos cobravam, também, elevados valores pelo alojamento, exigindo ainda o pagamento de alegadas prestações sociais e impostos que, na verdade, não liquidavam", afirmou o mesmo organismo.
A investigação permitiu, até ao momento, identificar e sinalizar quatro vítimas da exploração, mas "outros trabalhadores" recusaram "prestar depoimento com receio de represálias".
Foi ainda constituída arguida a empresa de que são sócios-gerentes, bem como uma mulher de nacionalidade portuguesa relacionada com a mesma, acrescentou o SEF.