O presidente do PSD, Pedro Passos Coelho, pede desculpa por ter usado uma informação não confirmada sobre um suposto suicídio por falta de apoio psicológico às vítimas da tragédia de Pedrógão Grande.
"Eu peço desculpa por ter utilizado uma informação que não estava confirmada", afirmou Passos Coelho à chegada a Odivelas para a apresentação da candidatura de Fernando Seara à Câmara Municipal.
No entanto, Passos pediu que tal facto não desvie a atenção do que considera ser o essencial, reiterando que "o Estado falhou" e o Governo tem de fazer chegar rapidamente o apoio público aos familiares das vítimas. "Temos hoje a confirmação clara de que o Estado falhou quando tantas pessoas perderam a vida como perderam, era muito importante que houvesse um mecanismo rápido de reparação", apelou.
O líder do PSD procurou, assim, corrigir os danos das declarações prestadas horas antes. Passos afirmara ter conhecimento de casos de pessoas que “puseram termo à vida” por falta de apoio psicológico na sequência dos incêndios de Pedrógão Grande. Porém, pouco depois, nas mesmas declarações aos jornalistas, disse que falou sem confirmar.
O provedor da Santa Casa da Misericórdia de Pedrógão Grande e candidato do PSD às autárquicas de 1 de Outubro, João Marques, assumiu que foi ele que induziu Passos Coelho em erro.
“A culpa foi minha”, afirma à Renascença. “O que aconteceu foi simples: correu a informação de que uma pessoa de Vila Facaia que teria perdido a família se teria suicidado. Eu tomei a informação como fidedigna da parte da manhã porque foi transmitida na terra onde a pessoa estava a passar o fim-de-semana com pessoas da aldeia onde ele morava. Entretanto, estive com o doutor Passos Coelho e transmiti-lhe essa informação como verdadeira. Portanto, induzi-o em erro, sem querer obviamente, mas o que é certo é que o induzi em erro, pensando que a informação que me tinham dado era absolutamente verdadeira.”
PS ataca PSD
Depois das primeiras declarações de Passos, o PS acusou o líder do PSD de se aproveitar da tragédia dos incêndios na região Centro do país na última semana.
“Surpreendentemente, aparece o doutor Passos Coelho a fazer um discurso que mais não é do que um aproveitamento emocional desta tragédia”, disse à agência Lusa a deputada do PS Júlia Rodrigues, afirmando que os socialistas estão “profundamente consternados e indignados” com o que foi dito hoje pelo líder social-democrata.
“Estamos profundamente consternados e indignados com as declarações do líder do PSD. É de uma imensa crueldade para com os familiares e amigos das vítimas de toda esta tragédia”, afirmou a deputada socialista, que pertence à comissão parlamentar de Agricultura e Mar.
Para a parlamentar do PS, esta afirmação de Passos Coelho e é contraditória com a proposta do PSD para criar uma “comissão independente, com especialistas, para “avaliar o que se passou nesta tragédia”.
“Agora, surpreendentemente, aparece o doutor Passos Coelho a fazer um discurso que mais não é do que um aproveitamento emocional desta tragédia”, acrescentou.
A concluir, a deputada Júlia Rodrigues fez um apelo “a um consenso nacional em torno do respeito, da dignidade e no apoio a todos quantos tentam retomar as suas vidas”.
Na sua conta de Facebook, a secretária-geral adjunta Ana Catarina Mendes criticou Passos Coelho por difundir “um boato com esta gravidade”.
“É inqualificável que um ex-primeiro-ministro difunda um boato com esta gravidade! Não pode valer tudo! Mais respeito pelas vítimas e pelas famílias!”, pediu Ana Catarina Santos.