José Mourinho, Pep Guardiola, Arsène Wenger e não só. São vários os ícones do futebol mundial para quem Cesc Fàbregas jogou e de quem retira, agora, ensinamentos, para a nova carreira como treinador.
Em entrevista ao programa "El Larguero", da rádio espanhola "Cadena Ser", o antigo internacional espanhol, que agora orienta o Como, que acaba de subir à I Liga de Itália, admite que é uma amálgama das suas próprias ideias e personalidade, que mantém de quando era jogador, e dos treinadores com quem trabalhou no Arsenal, no Barcelona e no Chelsea, entre outros, além da seleção.
Por ordem cronológica, comecemos com Wenger, o treinador com quem Fàbregas mais tempo passou, entre 2003/04 e 2010/11, no Arsenal. O antigo médio diz que, com o francês, aprendeu a ser um "manager":
"Tenho a sorte de estar a viver uma coisa única. Sei que quando sair do Como serei um treinador normal, no clube onde trabalhar, mas agora tenho a sorte de controlar tudo, em todo o clube, no geral, e penso muito em como Arsène era o 'manager', como era Sir Alex Ferguson também. Como controlar tudo, na hora de ir buscar o que quero, gerir o 'staff', onde ir buscar o 'staff', como controlar um pouco o grupo daqui, o grupo dali, como criar uma cultura de trabalho dentro da cidade desportiva, fazer com que toda a família cresça unida."
"Quando entrei no Como, no ano passado, nem campo tínhamos para treinar. Agora, estamos a construir uma cidade desportiva de Serie A, um estádio em condições, a conseguir que todo o grupo queira ir e vá na mesma direção, com a mesma ideia. É um trabalho que faço muito agora, estamos a crescer a passo mais acelerado do que em teoria teria de ser, mas, sim, foi gerir um clube em geral que levo mais de Arsène", detalha.
Pep e Mou, dois vencedores que marcaram
Seguiu-se o Barcelona, onde encontrou Guardiola. Fàbregas reconhece que, taticamente, foi com o compatriota como mais aprendeu.
"É tudo um pouco como xadrez dentro de campo, peça por peça. É o mais craque e com quem aprendi mais", assinala. Questionado sobre se o atual treinador do Manchester City é o melhor do mundo, o antigo médio não hesita: "Sem dúvida. Nem tenho de o dizer eu. Os seus feitos falam por si, a maneira de jogar, a forma clara como se faz entender em todas as equipas para que vai."
No regresso a Inglaterra, em 2014/15, Fàbregas ingressou no Chelsea, onde foi treinado por Mourinho. Com o português, percebeu "como gerir o balneário, como jogar com a cabeça dos jogadores".
"É o treinador que melhor soube jogar com a minha mente. Tanto quando não estava bem, como quando estava bem, fazia-me sentir sempre o melhor", destaca.
Dois selecionadores, duas formas de estar
Não foi apenas dos clubes que Cesc Fàbregas levou lições valiosas para a vida enquanto treinador.
Cento e dez vezes internacional, o antigo jogador, agora com 37, recorda o já falecido Luís Aragonés, que levou a Espanha à conquista do Euro 2008, o primeiro título da história da seleção "roja".
É "o ter de ganhar, sim ou sim", que leva de Aragonés: "Ainda no outro dia o copiei, antes do último jogo, em que disse que se não ganho com esta equipa sou uma porcaria de treinador."
"Dava-te essa confiança de ganhar, ganhar, ganhar, que do segundo ninguém se lembra. Essa mentalidade. Acredito muito nisso, desde o primeiro minuto, o que quis mudar na minha equipa foi a mentalidade. Porque a tática e a técnica são muito importantes, mas a atitude e a cabeça são o que te leva a extremos mais altos ou mais baixos. Aprendi muito isso com ele", lembra.
Por fim, o treinador com quem Fàbregas se sagrou campeão do mundo, em 2010, e bicampeão da Europa, em 2012: Vicente del Bosque. E o que leva do melhor selecionador espanhol da história?
"A tranquilidade, o saber estar em momentos muito complicados e de muita tensão. Ter a calma e as palavras certas em cada momento", descreve.
São várias as peças do novo fato de Cesc Fàbregas como treinador, todas feitas à medida, cosidas com as aprendizagens de grandes ícones do futebol mundial.