Portugal é um dos 10 países da União Europeia (UE) com menos alunos no ensino profissional, indica o Guia da Fundação José Neves, a que a Renascença teve acesso.
Segundo as estatísticas, Portugal continua a ser um país de doutores e engenheiros. Apesar do ensino profissional dar mais garantias de empregabilidade e melhores salários no início da vida ativa, as matrículas no ensino profissional estão abaixo da média europeia.
É o que revela o “Guia sobre o Ensino Profissional: uma escolha com futuro”, da Fundação José Neves. Uma ferramenta lançada esta quarta-feira, para ajudar estudantes e famílias a escolherem a melhor via de ensino.
Mais oportunidades de emprego, melhor rendimento, estatuto profissional e desenvolvimento da carreira, são alguns dos benefícios económicos do ensino profissional para os jovens, aos quais se acresce a motivação e satisfação pessoal. Mas não ficam por aqui, promove também o desempenho das empresas, a produtividade dos trabalhadores e a inserção de grupos desfavorecidos.
O ensino profissional é também uma mais-valia para a sociedade: do ponto de vista económico, beneficia o crescimento e melhora as estatísticas laborais; do ponto de vista social, reduz a criminalidade e promove a coesão social, a saúde e a solidariedade entre gerações.
Mais de metade (51%) dos jovens com curso profissional já estava a trabalhar ao final de 14 meses, diz o guia da Fundação José Neves. Garantem ainda melhores salários iniciais, uma vantagem que, segundo estudos recentes, “é cada vez menos prejudicada a longo prazo”. Para manterem estas vantagens competitivas, devem apostar na aprendizagem ao longo da vida.
Um em cada cinco jovens com curso profissional fica empregado onde estagiou. Em 2019, um terço escolheu continuar os estudos no ensino superior.
O Governo quer aumentar para 55% os diplomados do ensino secundário pela via profissional, até 2030. No entanto, os alunos ainda têm preconceito sobre esta forma de ensino. É a conclusão de um estudo europeu realizado pela Mckinsey, em 2013, com mais de 5.200 jovens de oito países (incluindo Portugal).
Este preconceito pode ser enganador. Segundo este guia, as empresas procuram cada vez mais quem tem formação profissional. Um inquérito de 2020 às necessidades de qualificação dos empregadores revela que metade do recrutamento era preenchido por trabalhadores com formação profissional, só cerca de um terço se destinava a diplomados do ensino superior.
No ano letivo 2020/2021, cerca de 40% dos alunos portugueses no ensino secundário estavam matriculados no ensino profissional, o que fica abaixo da média europeia (49%). Portugal está no grupo dos 10 países da União Europeia com menor percentagem de alunos neste tipo de ensino.
Esta ferramenta disponibiliza ainda informação sobre os diferentes tipos de ensino e formação profissional em Portugal, como estão organizados os cursos profissionais e opções de ensino no pós-secundário (como os cursos Técnicos Superiores Profissionais).
Consulte aqui o Guia sobre o Ensino Profissional: uma escolha com futuro”, da Fundação José Neves.