Costa lembra quando o PS "não levava pancada de todo o lado" e garante que não tem "alergia ao PSD"
11-09-2022 - 22:00
 • Tomás Anjinho Chagas

Líder socialista diz que prefere ter maioria absoluta do que não ter mas destaca "a pancada". O secretário-geral do PS rejeita ideia de Bloco Central apesar de assegurar que "não tem nenhuma alergia ao PSD"

No dia em que arranca as jornadas parlamentares do PS, em Leiria, António Costa recorda "os bons velhos tempos" em que o Partido Socialista tinha apoios no Parlamento, e "não levava pancada de todo o lado".

O discurso, virado para os 120 deputados socialistas, foi marcado pela boa disposição do secretário-geral do partido. Costa interpelou os parlamentares mais experientes para marcar as diferenças da anterior legislatura para agora, onde tem maioria absoluta.

"Quando não se tem maioria absoluta, levamos pancada de um lado e somos pelo menos tolerados do outro. Quando se tem maioria absoluta, leva-se pancada de todo o lado. Portanto quem teve a experiência de ser deputado sem maioria, pode ainda recordar os bons velhos tempos em que, apesar de tudo, não levavam pancada de todos", atira Costa.

Apesar da nostalgia, o primeiro-Ministro considera que "é melhor" ter maioria absoluta do que não ter. Num discurso de 15 minutos, António Costa aproveitou para desejar um "excelente ano parlamentar" aos deputados socialistas e fez questão de desfazer qualquer linha vermelha com o PSD.

Quando falava sobre o panorama político, o líder socialista explica que nunca quis dar a mão ao PSD para garantir que existe uma "alternativa governativa".

"Foi sempre por isso que eu sempre resisti à ideia de bloco central, não porque o PSD me suscite qualquer alergia, mas porque no dia em que não queiram o PS no Governo, sabem que há outros partidos que podem exercer as funções que exercemos", diz o primeiro-ministro, soltando um aplauso das várias mesas da quinta onde decorreu o jantar.

Apesar de assumir que quer ser uma "maioria de diálogo" e por isso admitir entendimentos com o PSD, Costa ressalva que o PS "não pode trair a vontade dos portugueses, que nos deram uma maioria". Rejeita por isso ser uma "maioria envergonhada" e promete representar a vontade das pessoas, sublinhando que "ganhe quem tem mais votos, que somos nós".

Este foi o segundo discurso de António Costa este domingo, que encerrou a Academia do PS e abriu as Jornadas Parlamentares do PS. O evento acontece até terça-feira, e vai ser encerrado com um discurso do presidente do PS, Carlos César.

O local escolhido é simbólico: em janeiro, o PS conseguiu a primeira vitória de sempre nas legislativas, e no ano passado, Gonçalo Lopes foi o primeiro socialista a vencer as autárquicas no concelho.